Quando, aos 16 anos, Laura* estava se preparando para um intercâmbio de idioma nos Estados Unidos, a mãe da então estudante a chamou para uma conversa séria. ;Ela confiava em mim, mas tinha medo de que eu começasse a beber e a usar drogas por influência. Naquela época, os filmes americanos mostravam muito isso. Minha mãe era bastante conservadora e não falou nada de sexo, mas sei que ela também estava preocupada de eu me deixar levar e parar no banco de trás do carro dos garotos;, conta a professora de artes, 40, atualmente afastada do trabalho por problemas de saúde.
A vida no pequeno município texano de Sugar Land mostrou-se bem mais pacata do que a família de Laura imaginava. Para o alívio dos pais, os passeios prediletos da garota eram andar de bicicleta nos parques públicos, ler na biblioteca e lanchar com os amigos em um restaurante fast food no qual a ;irmã; americana trabalhava. Apesar de não chegar perto de álcool, cigarro e drogas, ela voltou para o Brasil com outro tipo de vício, adquirido na cidade que tem açúcar até no nome. ;Refrigerante, hambúrguer, salgadinho, milkshake, cookie, brownie, frango frito, pizza; Era o dia inteiro, sem ninguém para dizer ;Pare de comer essas porcarias!’. O cardápio da família com quem morei era assim, cheio de coisas perigosamente gostosas;, conta a professora. Dez meses depois, Laura estava 30kg mais pesada.