Aparentemente áreas muito distintas, a física óptica e a genética podem, juntas, levar a tratamentos mais eficazes para o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), problema que, de acordo com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, atinge até 1% da população adulta mundial. O distúrbio é caracterizado por pensamentos indesejados, como ;se eu não agir de determinada maneira, algo ruim vai me acontecer;, aliados a rituais repetitivos e tiques ; contar os passos ou piscar os olhos sem parar, por exemplo. Todas essas ações são comandadas por uma ampla rede de neurônios, que foi visualizada detalhadamente pela primeira vez graças a um feixe óptico, que iluminou a atividade elétrica do cérebro durante episódios de compulsão. Com o método da optogenética, inventado há apenas sete anos, foi possível modular a atividade desse circuito, eliminando o comportamento doentio em animais.
O estudo, anunciado em dois artigos publicados na revista Science, usou ratos, mas os pesquisadores ficaram animados com o resultado, pois o funcionamento do cérebro de roedores é semelhante ao de humanos. Como a causa do transtorno é desconhecida, hoje os tratamentos são limitados. Costuma-se prescrever terapia comportamental e medicamentos originalmente fabricados para outros distúrbios. ;Essas abordagens podem controlar o TOC, mas muitos pacientes são refratários ou não apresentam respostas positivas;, conta William A. Carlezon Jr., do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard, que não participou das novas pesquisas.