Paloma Oliveto
postado em 21/06/2013 08:45
Da cabeça aos pés, os médicos conhecem, há séculos, cada nervo, músculo e osso da anatomia humana. Um órgão essencial para a compreensão das doenças mais desafiadoras do mundo moderno, contudo, permanece misterioso. Embalado pelo crânio, o cérebro, com seus bilhões de células, é um labirinto pouco explorado. Não por falta de interesse - afinal, é nele que reside o segredo da cura para males neurodegenerativos e psiquiátricos, como Alzheimer e esquizofrenia. O problema é conseguir visualizar a complexidade das reações químicas ocorridas lá dentro entre neurônios e outras estruturas minúsculas, que, diferentemente do que acontece com outras células do corpo, não podem ser cultivadas em laboratório.
Desenvolver um cérebro artificial para estudos tem sido o sonho de neurocientistas, mas as tentativas não resultaram em modelos tão precisos como o necessário. Agora, ele virou realidade e pode ser explorado, sem custos, por qualquer pesquisador cadastrado no portal Cbrain (http://cbrain.mcgill.ca), da Universidade de McGill, no Canadá. Na capa da edição desta semana da revista Science, pesquisadores canadenses e alemães anunciaram o BigBrain, software que permite visualizar o cérebro humano em tecnologia de altíssima resolução, com detalhes anatômicos jamais reproduzidos anteriormente. O modelo virtual foi construído a partir de um órgão verdadeiro, que pertencia a uma mulher de 65 anos, sem histórico de doenças neurológicas nem psiquiátricas.