Ciência e Saúde

Reviravolta imunológica barra a esclerose múltipla, aponta pesquisa

Testada pela primeira vez em humanos, terapia consegue fazer com que o organismo volte a tratar a bainha que protege os neurônios como inofensiva e pare de destrui-la; redução dos ataques chega a 75%

Bruna Sensêve
postado em 25/06/2013 06:49

Mesmo com a função de cobrir e isolar os neurônios para aprimorar a condução dos impulsos nervosos, a bainha de mielina pode ser encarada pelo organismo humano como inimiga. Passa a ser atacada por células de defesa, mecanismo que caracteriza a esclerose múltipla. As terapias atuais contra a doença auto-imune tendem a ser bastante agressivas. Para lutar contra a enfermidade, é declarada guerra a todo o sistema imunológico, deixando os pacientes mais suscetíveis a infecções e, até mesmo, a taxas mais altas de câncer. Um tratamento que busca solucionar essa questão acaba de ser testado em humanos com sucesso. Um grupo internacional de pesquisadores, integrantes de instituições alemãs e americanas, apresentou resultados expressivos com a técnica, reduzindo de 50% a 75% a reatividade do sistema imune de pacientes contra a mielina.



Os cientistas utilizaram uma abordagem inspirada nos mesmos princípios que guiam o desenvolvimento de vacinas: estimular a tolerância do organismo à substância que ele julga ser ruim. Os resultados alcançados são produto de mais de 30 anos de pesquisas do laboratório conduzido por Stephen Miller, professor de microbiologia e imunologia da Escola de Medicina da Universidade de North-western, nos Estados Unidos. Essa indução de tolerância ao ataque contra a bainha de mielina já havia sido bem-sucedida em modelos laboratoriais, mas, pela primeira vez, foi testada em humanos.

Nove pacientes tiveram o material sanguíneo coletado, de onde foram separados os glóbulos brancos. Filtradas, as células de defesa foram especialmente processadas e unidas a sete tipos de proteínas encontradas na bainha de mielina por um processo complexo desenvolvido por coautores do estudo, integrantes do Centro Médico da Universidade de Hamburg-Eppendorf, na Alemanha. Ao serem injetadas por via intravenosa esses bilhões de células, como estão acopladas às proteínas de mielina,, mesmo mortas, secretamente transportaram os antígenos (veja infográfico).

Testada pela primeira vez em humanos, terapia consegue fazer com que o organismo volte a tratar a bainha que protege os neurônios como inofensiva e pare de destrui-la; redução dos ataques chega a 75%

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