Ciência e Saúde

Para AIE, energias renováveis serão a segunda fonte de energia em 2016

O crescimento das renováveis tem sido reforçado pelo aumento da concorrência frente às fontes convencionais

Agência France-Presse
postado em 26/06/2013 16:30
NOVA YORK - As energias renováveis vão superar o gás natural, tornando-se a segunda fonte de energia elétrica do mundo em 2016, atrás do carvão, estimou a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório no qual o Brasil aparece como um dos países onde a concorrência impulsionou a energia verde.

"A produção de eletricidade (de origem) hidráulica, do vento, solar e outras fontes renováveis superará a de gás e será o dobro da nuclear no mundo em 2016", destacou a AIE no relatório, divulgado esta quarta-feira, sobre as perspectivas das renováveis a médio prazo.

O crescimento das energias renováveis "é um ponto brilhante na sombria evolução do progresso mundial rumo a uma matriz energética mais limpa e diversificada", disse a diretora-executiva da AIE, Maria van der Hoeven.

O crescimento das renováveis - não fósseis como a hidrelétrica, eólica, solar, geotérmica e biomassa - tem sido reforçado pelo aumento da concorrência frente às fontes convencionais, acrescentou a AIE.

O setor está crescendo com velocidade, principalmente na China e em outros países em desenvolvimento e emergentes.

Segundo a AIE, o uso das fontes renováveis não hídricas, sobretudo a eólica e a solar, deve aumentar, passando a 4% de toda a matriz de geração de energia em 2011 e para 8% em 2018.

"À medida que seus custos continuarem caindo, as fontes de energia renováveis estarão cada vez mais bem posicionadas por seus próprios méritos frente à nova geração de combustíveis fósseis", disse Van der Hoeven.

"Esta é uma boa notícia para um sistema de energia mundial que precisa ser mais limpo e mais diversificado, mas não deve servir de desculpa para a complacência governamental, principalmente entre os países da OCDE (nr: Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico)", acrescentou.

No entanto, a AIE, um instituto financiado pelos principais países consumidores de energia, advertiu que o crescimento contínuo das energias alternativas perante o petróleo, o gás e o carbono enfrenta desafios importantes.

Isto inclui a incerteza sobre as políticas governamentais de longo prazo que não incentivam o investimento, reduzem os subsídios em alguns países devido a problemas econômicos, e competem fortemente com outras fontes de energia, como se vê nos Estados Unidos, onde um boom do gás de xisto tornou este combustível fóssil mais competitivo.

Van der Hoeven, que apresentou o relatório em Nova York, afirmou que mudanças na política de subsídios às energias renováveis em Bulgária, República Tcheca e Espanha comprometeram seu avanço.

A diretora-executiva da AIE disse que seus comentários, com ênfase na necessidade de políticas estáveis de longo prazo, se dirigiram a todos os governos, mas "pontualmente" à Europa, onde ocorre um debate ativo sobre sobre se as metas de redução de emissões deveriam ser elevadas pós-2020.

Ela elogiou o plano de combate às mudanças climáticas apresentado na véspera pelo presidente americano, Barack Obama.

As políticas de Obama constituem "um exemplo claro de uma meta que vai além dos quatro anos de um mandato presidencial e eu espero que outros países sigam o exemplo", afirmou.

O relatório é publicado logo em seguida a um estudo da agência sugerindo que a ameaça das mudanças climáticas é maior do que previam estimativas anteriores.



Segundo o estudo, publicado no começo do mês, a AIE advertiu que o mundo está a caminho de mais que dobrar a meta dos 2 graus Celsius de aquecimento estabelecido pelas Nações Unidas, a menos que medidas urgentes sejam adotadas.

Entre as recomendações estão reduzir o total de energia produzido pelas usinas de carvão e eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis.

No relatório desta quarta, a AIE enumerou vários exemplos onde a competitividade crescente impulsionou as energias renováveis, como no Brasil, onde a energia eólica costeira compete em boas condições com as novas usinas de gás, e a Austrália, onde a eólica tem uma boa relação custo-benefício ao lado das usinas de carvão com taxação de carbono.

Os custos da energia eólica costeira também estariam perto de se tornar competitivos com as novas usinas movidas a carvão da África do Sul.

Os países da OCDE devem se manter como uma importante fonte de crescimento das renováveis, incluindo o Japão, que aprovou incentivos financeiros agressivos para incentivar a produção solar.

Mas espera-se que os maiores ganhos ocorram na China, país ao qual se atribui mais de 40% da capacidade total adicional no período 2012-2018. China faz investimentos robustos em energia hidrelétrica, solar e eólica.

No entanto, o relatório destaca que o plano quinquenal mais recente de Pequim para o desenvolvimento energético implica em que o carvão vai representar 65% da capacidade total de geração de energia em 2015.

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