postado em 01/07/2013 06:00
Uma pesquisa realizada por um biólogo da Universidade de São Paulo (USP) e um paleontólogo da Universidade da Califórnia lança um novo olhar sobre a dinâmica da biodiversidade na Terra. Segundo o trabalho de Tiago Quental e Charles Marshall, publicado recentemente na revista Science, a redução da variedade de espécies no planeta é fortemente influenciada pela diminuição do surgimento de novos grupos de animais. Em outras palavras, quanto menos a natureza consegue criar, menos variada ela se torna.
Quental explica que a teoria proposta pela dupla pode ser explicada pela chamada hipótese da Rainha Vermelha, teoria batizada em referência à personagem do clássico Alice através do espelho, do britânico Lewis Carroll. Proposta em 1973, ela defende que os organismos devem se adequar às condições do ambiente. Na obra de Carroll, a Rainha diz à Alice que, para sobreviver, %u201Cé preciso correr o máximo possível para permanecer no mesmo lugar%u201D. Da mesma forma, as espécies necessitam de alteração constante para garantir a sobrevivência e a diversidade de seus descendentes.
Embora seja parecida com a teoria da evolução proposta por Charles Darwin, em que a seleção natural e a constante adaptação têm papel central, a tese da Rainha Vermelha enfatiza a coevolução simultânea das espécies. Ao apostar nessa hipótese, Quental e Marshall se colocam contrários a outro modelo, chamado Fracasso do Apostador (ou Gambler%u2019s Ruin em inglês). %u201CEssas dinâmicas não são como um jogador que perde tudo de uma vez em uma maré de azar. As espécies enfrentam constante mudança dos ambientes e, por isso, precisam se adaptar e evoluir continuamente%u201D, defende Quental. Embora essa lógica pareça simples, %u201Cnenhum biólogo pensa como a falha em originar novas espécies pode ser uma das causas de extinção de outras em logo prazo%u201D, pontua o biólogo da USP.