As paralisias no rosto causam grandes estragos. Interferem em aspectos fisiológicos, como a incapacidade de piscar os olhos, que pode levar à cegueira; e sociais, já que as expressões faciais ficam comprometidas. O tratamento para o problema costuma ser complexo. Em busca de aprimorar esse processo, a otorrinolaringologista Raquel Salomone decidiu testar, em seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), uma nova técnica para recuperar movimentos faciais utilizando células-tronco. O experimento inicial foi feito com ratos e obteve sucesso, além da premiação no Congresso Mundial de Otorrinolaringologia, em junho, na Coreia do Sul, na categoria jovem cientista.
Desde 2006, Raquel atua no Ambulatório de Paralisia Facial Periférica da Faculdade de Medicina da USP. O interesse em criar uma técnica que aprimorasse tratamentos para ajudar a corrigir esse tipo de problema no rosto foi despertado nesse período. ;A minha iniciativa surgiu justamente dos resultados ruins de alguns casos de paralisia facial e da inúmeras possibilidades que as células-tronco proporcionam;, conta. Salomone resolveu realizar a pesquisa com ratos e provar a suspeita de que, por meio de células-tronco, seria possível regenerar o nervo facial danificado. ;Essa é a grande questão da minha pesquisa: Consegui provar que é possível justamente por elas ;suprirem; a falta das células necessárias para a regeneração neural;, explica a pesquisadora.
Na técnica realizada por Salomone, os animais foram submetidos a neurotmese ; um trauma físico grave nos nervos. Para isso, foi cortado um pedaço do sétimo nervo craniano das cobaias, deixando um espaço entre as duas partes remanescentes. A lesão induzida foi a mais crítica possível, com prejuízos além dos da maioria dos casos clínicos. Os ratos com paralisia foram, então, divididos em grupos: parte deles foi tratada com um tubo de silicone vazio; outra, com um gel colocado dentro do tubo de silicone; o terceiro grupo recebeu células-tronco no tubo; e o quarto, células-tronco diferenciadas em células de Schwann, uma espécie de capa que reveste os axônios, que constituem os nervos.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .