postado em 05/08/2013 12:07
A ameaça constante de extinção fez com que um grupo de pesquisadores e biológos realizassem, em uma ação inédita, o mapeamento genético da onça-pintada (Phantera onca). Estimativas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apontam que o animal já perdeu metade de sua área original de distribuição no Brasil, principalmente na Mata Atlântica e na Caatinga. Com um estudo do DNA, a esperança é que o material ajude a desenvolver estratégias que possam reverter esse quadro.O coordenador do Centro de Pesquisa (CENAP) do ICMBio, Ronaldo Gonçalves Morato, afirma que mais de 50% dos genes já foram mapeados. "Se tudo correr bem acreditamos que em 2014 teremos toda a informação hereditária da onça-pintada", comemorou. De acordo com ele, a preservação do animal é de grande importância pois ele é topo de cadeia alimentar, que atua principalmente como reguladora da presença de outras espécies no meio ambiente. "O desaparecimento destes animais pode causar sérios danos e, por isso, são alvos de estudos", explicou.
Para o catálogo genético, os pesquisadores escolheram a onça Vagalume, um felino de 16 anos que, desde filhote, vive no Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Nascida na cidade de Miranda, no Mato Grosso do Sul, o espécime foi para o cativeiro com 45 dias. "Foi escolhida por ser oriunda de vida livre e de região conhecida", afirmou Morato.
História evolutiva
Conhecer mais sobre a história evolutiva da onça-pintada também terá aplicação forense, segundo o ICMBio. "Prover uma base de marcadores moleculares auxiliará na análise de estrutura populacional da espécie e identificação da procedência geográfica de animais que foram, por exemplo, apreendidos", disse o coordenador.
A iniciativa, planejada desde setembro de 2011, é pioneira no país e é realizada em conjunto pela Pontifícia Universidade Católicac do Rio Grande do Sul (PUCRS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais, Escola Superior de Agricultura (ESALQ) da USP e contando com a parceria do Zoológico Municipal de Sorocaba, Instituto Pró-Carnívoros, além da CENAP/ICMBio, que auxilia na obtenção de amostras e análise dos dados.
O mapeamento genético é realizado com sucesso, mas Morato ressaltou que a população pode ajudar ainda mais, reconhecendo a importância da preservação desta e de outras espécies, bem como dos avanços científicos nesta área. "As pessoas devem buscar uma relação harmoniosa com o meio ambiente, pois só assim poderemos preservar toda nossa biodiversidade", concluiu.
Sobre a espécie
A onça-pintada, onça-preta ou onça-canguçu, é o maior felino das Américas e o único representante do gênero Panthera no continente. No Brasil, é encontrada na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. Além do Brasil, também está presente em praticamente toda a América do Sul, do norte da Argentina ao sul dos Estados Unidos. Chega a medir 2,4 metros e pesar 158kg. São animais de hábito noturno e, solitários, só interagem com outros da mesma espécie no período de acasalamento. Da gestação, de 90 a 111 dias, podem nascer até quatro filhotes. A perda ou degradação do habitat e a caça ilegal são seus principais fatores de ameaça.