Henrietta Lacks era mulher, negra, pobre e vivia no auge da segregação racial dos
EUA no pós-guerra. Em sua época, não foi ninguém ; no máximo, a dona de um prontuário médico da
ala de ;pessoas de cor; do Hospital Johns Hopkins, no qual era apontada como um ;espécime
miserável;. Morta, até no espaço ela chegou. As células tumorais de Henrietta, retiradas sem seu
conhecimento e autorização, foram enviadas para um experimento de gravidade zero em uma das
primeiras missões espaciais americanas. Hoje, a descendente de escravos vive, por meio de
culturas de laboratório, em todas as partes do mundo, e, só agora, 60 anos depois de sua morte,
a família foi consultada sobre o uso do material em pesquisa.
Nem
Henrietta nem seus familiares jamais foram recompensados por isso. A equipe que fez a biópsia no
tumor da paciente não informou que tentaria cultivar as células da jovem. Até então, testes para
manter tecidos humanos in vitro haviam sido frustrados. Surpreendentemente, por um motivo que
ninguém sabe explicar até hoje, as células de Henrietta não apenas sobreviveram como jamais
pararam de se dividir. Sessenta e dois anos depois da morte da americana, a cada 24 horas uma
nova linhagem de células HeLa é reproduzidas em discos petri.
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