Agência France-Presse
postado em 14/08/2013 20:58
PARIS - Quaisquer que sejam os esforços feitos para limitar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), ondas de calor mais fortes e frequentes seriam inevitáveis nos próximos 30 anos, segundo um estudo que será publicado esta quarta-feira (14/8) na revista científica Environmental Research Letters."Até 2040, a frequência de episódios de calor extremos vai aumentar, independente das emissões de GEE na atmosfera", resumiu o cientista Dim Coumou, do Instituto Postdam de pesquisas sobre os impactos climáticos.
"Ao contrário, os esforços de redução das emissões de GEE podem diminuir fortemente o número destes episódios extremos na segunda metade do século XXI", prosseguiu o estudioso, que realizou este estudo com Alexander Robinson, da Universidade Complutense de Madri.
As regiões tropicais serão as mais afetadas, uma tendência já observada entre 2000 e 2012, destacou o estudo.
Ondas de calor excepcionais, qualificadas de eventos ;3-sigma; (que se diferenciam da média histórica em três desvios-padrão), como as que afetaram a Europa em 2003 ou os Estados Unidos em 2012, devem afetar duas vezes mais territórios em 2020, ou seja, 10% da superfície terrestre.
Em 2040, 20% da superfície do planeta serão afetados.
Neste mesmo período, episódios ainda mais extremos (5-sigma = 5 desvios-padrão), quase nunca observados atualmente, atingirão 3% da superfície do planeta em 2040.
Depois daquele ano, tudo dependerá da quantidade de GEE emitida na atmosfera. Se as emissões forem fracas e a concentração de GEE na atmosfera não exceder as 490 PPM CO2-equivalentes, o número de eventos extremos se estabilizará em torno dos níveis de 2040.
Isto significa que até o fim do século, ondas de calor excepcionais se tornariam a norma perto dos trópicos, ou seja, 50% dos verões na América do Sul e no oeste da África e 20% na Europa ocidental.
Mas em um cenário no qual as emissões continuarem a aumentar segundo as tendências atuais, episódios 3-sigma ocorrerão em 85% da superfície terrestre em 2100 e 5-sigma, em 60% do globo.
"Estes eventos extremos podem ter um impacto muito prejudicial na sociedade e nos ecossistemas, provocando mortes relacionadas com o calor, incêndios florestais e perdas de produção agrícola", advertiu Dim Coumou.