Ciência e Saúde

Gordura do intestino barra compulsão alimentar, aponta pesquisa

Aplicado em ratos, lipídio recuperou a sensação de saciedade prejudicada pela ingestão excessiva de alimentos muito calóricos. O mecanismo descoberto poderá melhorar os tratamentos contra a obesidade

Isabela de Oliveira
postado em 16/08/2013 07:30

Hábitos alimentares podem ser tomados por um círculo vicioso. Quanto mais come, mais a pessoa deseja comer. Isso porque a ingestão excessiva de gordura prejudica a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pela saciedade. O segredo para reverter esse processo pode estar em um lipídio originado no intestino delgado. De acordo com estudo publicado na edição de hoje da revista científica Science, além de restaurar a produção de dopamina, a oleoletanolamina (OEA) aumenta a sensação de prazer provocada pela ingestão de alimentos mais saudáveis.

O conceito de que comer em excesso pode representar um comportamento compensatório em pessoas com deficiência na produção de dopamina é recente. Em obesos, essa disfunção tem sido relatada em uma área do cérebro chamada estriado dorsal. Segundo o estudo divulgado na Science, essa condição pode ser a grande vilã das dietas, induzindo ao comportamento compulsivo e, consequentemente, ao ganho de peso. ;Essa deficiência produz grandes limitações durante o consumo de dietas de baixa caloria, pois elas passam despercebidas pelos circuitos cerebrais associados ao controle do consumo alimentar;, explica o pesquisador brasileiro Ivan Araújo, um dos autores do trabalho.



Segundo Araújo, quando consumimos gordura, como os triglicerídeos, os ácidos graxos que fazem parte dela são modificados pelas células intestinais. Esse processo gera moléculas, entre elas, a OEA. ;Esses lipídios transformados, além de proverem energia, funcionam como mensageiros celulares ao enviar sinais de saciedade para outras células vizinhas ou ativar terminações nervosas do intestino;, explica o pesquisador do Laboratório John B. Pierce, nos Estados Unidos.

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