Ciência e Saúde

Influência humana é a principal causa do aquecimento global, segundo IPCC

O aumento das temperaturas é evidente e cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente mais quente

postado em 27/09/2013 12:45
Imagem mostra fumaça de uma central térmica em Sofia

Brasília -
Relatório divulgado nesta sexta-feira (27/9) pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), na sigla em inglês) mostra que a influência humana no clima é a principal causa do aquecimento global observado desde meados do século 20. O aumento das temperaturas é evidente e cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente mais quente, informa o Sumário para os Formuladores de Políticas do Grupo de Trabalho 1 do IPCC. ;O relatório concluiu que a temperatura da atmosfera e dos oceanos se elevou, a quantidade de neve e de gelo diminuiu e que o nível do mar e de concentração de gases de efeito estufa aumentou;, destacou um dos coordenadores do documento, Qin Dahe.

[SAIBAMAIS]Segundo o texto, há 95% de probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da Terra entre 1951 e 2010 tenham sido causadas pelo homem. Os gases de efeito estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (;C) no período entre 1951 e 2010. ;A continuada emissão de gases de efeito estufa vai causar mais aquecimento e mudanças climáticas. Limitar a mudança climática vai requerer substanciais e sustentadas reduções das emissões de gases de efeito estufa;, disse Thomas Stocker, outro coordenador do documento. O relatório ressalta que, até o fim do século 21, há pelo menos 66% de chance de a temperatura global se elevar pelo menos 2;C em comparação com o período entre 1850 e 1900. ;A mudança na temperatura da superfície da Terra no final do século 21 pode exceder 1,5;C no melhor cenário e, provavelmente, deve exceder 2;C nos dois piores cenários;, disse Stocker. Na pior das possibilidades, a temperatura pode alcançar 4,8;C até 2100.



Ele acrescentou que ondas de calor muito provavelmente vão ocorrer com mais frequência e devem durar mais tempo. ;Com o aquecimento do planeta, esperamos ver regiões úmidas recebendo mais chuvas e regiões secas recebendo menos chuvas, apesar de existirem exceções;, disse o cientista. O documento elaborado por 259 cientistas de 39 países apresentado em Estocolmo, na Suécia, mostrou que a elevação da temperatura dos oceanos até cem metros de profundidade pode variar entre 0,6 ;C e 2 ;C até 2100. Além disso, devido ao aumento do degelo dos glaciares, o nível do mar deve subir entre 26 a 55 centímetros considerando o melhor cenário e, entre 45 a 82 centímetros, no pior cenário. O gelo do Ártico pode diminuir até 94% durante o verão no Hemisfério Norte até 2100. ;Com o aquecimento dos oceanos e a redução dos glaciares, o nível global dos mares vai continuar a subir, mas em um ritmo mais rápido do que experimentamos nos últimos 40 anos;, disse o pesquisador Qin Dahe.

De acordo com o documento, as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. As concentrações de dióxido de carbono subiram 40% desde a época pré-industrial (desde 1750), principalmente devido às emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis. Segundo Stocker, como resultado das emissões passadas, presentes e futuras de dióxido de carbono, a mudança climática é um fato. ;Os efeitos no clima vão persistir por muitos séculos mesmo que as emissões parem;, concluiu o cientista. O IPCC foi criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne milhares de cientistas de diversos países. Já foram publicados quatro relatórios. A divulgação completa do quinto documento, incluindo os trabalhos dos grupos 2 e 3, deverá ocorrer até 2014. Nesta sexta-feira, foi lançado o documento do Grupo de Trabalho 1, que trata dos aspectos científicos das mudanças climáticas. Os dados do IPCC servirão de base para as negociações climáticas internacionais.

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