Agência France-Presse
postado em 07/10/2013 07:02
Estocolmo - O Prêmio Nobel de Medicina 2013 foi atribuído a dois americanos, Randy Schekman e James Rothman, e ao alemão Thomas Südhof, por pesquisas sobre transportes intracelulares, úteis para diversos tratamentos. Os três cientistas foram recompensados por seus inovadores trabalhos sobre o sistema de transporte no interior da célula, para que "as moléculas sejam transportadas ao local correto da célula no momento adequado", segundo o Comitê Nobel.As descobertas tiveram um enorme impacto na compreensão da forma como uma carga é entregue dentro e fora da célula e têm implicações nos trabalhos sobre diversas doenças, incluindo distúrbios neurológicos e problemas imunológicos, assim como o diabetes, destacou o Comitê. Schekman declarou à AFP que ficou chocado quando recebeu a ligação de Estocolmo.
"Minha reação quando fiquei sabendo foi de incredulidade e alegria", afirmou o professor de 64 anos, que ensina Biologia Molecular e Celular na Universidade de Berkeley (Califórnia, Estados Unidos). Rothman, professor de 62 anos e diretor do Departamento de Biologia Celular na Universidade de Yale (Estados Unidos), disse a uma rádio sueca que se sentia extremamente honrado por vencer o prêmio. Os três produziram seus trabalhos de pesquisa de forma independente. Cada célula é uma fábrica que produz e exporta moléculas.
"Por exemplo, a insulina é fabricada e depois liberada no sangue e sinais químicos chamados neurotransmissores são enviados de um nervo ao outro. Estas moléculas são transportadas na célula em pequenos pacotes chamados vesículas", explicou o júri. Os cientistas premiados "descobriram os princípios moleculares que regem a forma como esta carga é entregue no local correto da célula no momento adequado", completa o comunicado.
Schekman é o pioneiro dos três. Iniciou sua pesquisa nos anos 70, quando começou a estudar a base genética da célula utilizando como modelo o lêvedo. Descobriu que as células do lêvedo que tinham um transporte defeituoso criavam um sistema similar ao de um sistema de transporte público mal organizado. Compreendeu que a causa da congestão era genética e prosseguiu identificando os genes que haviam sofrido mutação.
Nos anos 80 e 90, Rothman começou a estudar o transporte das vesículas nas células dos mamíferos. "Rothman, Schekman e Südhof estabeleceram o mecanismo sofisticado que permite o transporte e a liberação das moléculas nas células", destacou o comitê. Rothman, nascido em 1950, obteve o doutorado em Harvard, passando depois pelo Massachusetts Institute of Technology e a Universidade de Stanford (Califórnia). Em 2008 retornou para a costa leste, a Yale.
"Decifrou o mecanismo das proteínas que permite às vesículas uma fusão com seus alvos para permitir a transferência de sua carga". Südhof, de 58 anos, obteve o doutorado na Universidade de G;ttingen. Vive nos Estados Unidos desde 1983 e é professor em Stanford desde 2008. "Revelou a forma como os sinais dão instruções às vesículas para que liberem sua carga com precisão", completou o júri.
Nos anos 90 estudou "a precisão temporária" das células, para as quais "tudo está no timing", segundo o comitê Nobel. Ano passado, os vencedores do Nobel de Medicina foram o japonês Shinya Yamanaka e o britânico John Gurdon. O Prêmio de Medicina é o primeiro da temporada do Nobel 2013. Será seguido por Física na terça-feira (8/10), Química na quarta-feira (8/10), Literatura na quinta-feira (9/10), Paz na sexta-feira (10/10) e Economia no dia 14.
Confira os nomes dos vencedores dos últimos 10 anos:
2013: James E. Rothman (Estados Unidos), Randy W. Schekman (Estados Unidos) e Thomas C. Südhof (Alemanha)
2012: Shinya Yamanaka (Japão) e John B. Gurdon (Grã-Bretanha)
2011: Bruce Beutler (Estados Unidos), Jules Hoffmann (França), Ralph Steinman (Canadá)
2010: Robert Edwards (Grã-Bretanha)
2009: Elizabeth Blackburn (Austrália-Estados Unidos), Carol Greider e Jack Szostak (Estados Unidos)
2008: Harald zur Hausen (Alemanha), Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier (França)
2007: Mario Capecchi (Estados Unidos), Oliver Smithies (Estados Unidos) e Martin Evans (Grã-Bretanha)
2006: Andrew Z. Fire (Estados Unidos) e Craig C. Mello (Estados Unidos)
2005: Barry J. Marshall (Austrália) e J. Robin Warren (Austrália)
2004: Richard Axel (Estados Unidos) e Linda B. Buck (Estados Unidos)