Ciência e Saúde

Ganhadores do Nobel de Medicina, três apaixonados por seu trabalho

Os cientistas foram premiados pela pesquisa sobre transportes intracelulares

Agência France-Presse
postado em 07/10/2013 19:20
Thomas Suedhof é um dos três vencedores do Prêmio Nobel de MedicinaO neurologista americano de origem alemã Thomas Südhof estava no sul da Espanha nesta segunda-feira quando recebeu a notícia de que tinha ganhado o Nobel de Medicina de 2013 junto com os colegas americanos Randy Schekman e James Rothman.

"Está falando sério? Ai, meu Deus", reagiu Südhof com a voz trêmula quando um porta-voz do Comitê Nobel de Estocolmo deu a notícia em um telefonema para seu celular. "Sinto muito. Isto é um pouco inesperado".



Os três cientistas foram premiados pela pesquisa sobre transportes intracelulares, um processo que contribui para o funcionamento normal do organismo, mas que também está na origem de doenças neurológicas, diabetes e transtornos do sistema imunológico.

"Rothman, Schekman e Südhof estabeleceram o mecanismo sofisticado que permite o transporte e a liberação das moléculas nas células", destacou o Comitê Nobel.

O trabalho de Südhof se concentra em como se formam as sinapses no cérebro e como são enviadas as mensagens, com a finalidade de desvendar os mistérios do autismo e do Mal de Alzheimer.

Conhecido pela alta produtividade, Südhof, nascido há 57 anos em G;ttingen, mas naturalizado americano, se destaca pela ética no trabalho, segundo seus colegas.

"Minha esposa acha que estou louco", disse ao porta-voz do Comitê Nobel. "Eu me sinto incrivelmente motivado", reconheceu este pesquisador da Universidade de Stanford, na Califórnia.

"Todo mundo me disse que era uma loucura"

Seu colega, James Rothman, de 63 anos, soube que tinha ganhado o Nobel em um telefonema às 04h30.

James E. Rothman , professor de Ciências Biomédicas e Presidente do Departamento de Biologia Celular na Universidade de Yale School of Medicine
"(A notícia) me acordou e me fez sentir muito bem", disse o cientista da Universidade de Yale durante coletiva concedida entre as duas aulas que tinha agendadas à tarde.

Na década de 1980, concentrando-se nos mamíferos, ele montou com Schekman o mapa de "componentes críticos do maquinário de transporte da célula".

"Todo mundo me disse que era uma loucura tentar reproduzir as coisas misteriosas e complexas que acontecem em uma célula", disse em entrevista publicada no site da Fundação Nobel.

Rothman elogiou os colegas, com quem trabalhou em estreita colaboração, e descreveu suas pesquisas como "complementares e às vezes competitivas".

Schekman e Rothman compartilharam o Prêmio Lasker para a pesquisa médica básica em 2002, considerado um dos mais respeitados da ciência, considerado o Nobel dos Estados Unidos. Südhof também ganhou o Prêmio Lasker em 2013.

Cientista rejeitado no começo
Randy Schekman durante uma conferência na Universidade da Califórnia, em Berkeley, após ser informado de ser co- vencedor do 2013 Prêmio Nobel de Medicina
Randy Schekman, de 64 anos, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, é o pioneiro dos três. Ele iniciou suas pesquisas nos anos 1970, quando começou a estudar a base genética da célula usando como modelo a levedura.

Para o pesquisador, "as conquistas não são desconhecidas", disse um porta-voz da universidade ao apresentá-lo em uma coletiva de imprensa.

Schekman lembrou suas origens de classe média e as dificuldades iniciais de seu trabalho, como as recusas que sofreu ao tentar bolsas de pesquisa nos primórdios de sua carreira.

Ele contou que inclusive chegaram a dizer: "Agora você pode publicar esse seu lixo" em uma revista chamada Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS, na sigla em inglês), da qual mais tarde se tornou editor-chefe.

O cientista atribuiu seu êxito a seus professores e às aulas que dá a estudantes da graduação.

"Isto me ajuda a conseguir me explicar diante de plateias que não sabem sobre o meu trabalho", disse.

Os três cientistas dividirão um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,2 milhão).

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