Ciência e Saúde

Físico britânico ganhador do Nobel odeia tecnologias e os holofotes

Peter Higgs teve um lampejo de gênio em 1964, ao defender a existência de uma partícula teórica que os cientistas do Laboratório Europeu de Física de Partículas encontraram em 2012

Agência France-Presse
postado em 08/10/2013 11:17
Peter Higgs é fotografado antes de um seminário científico sobre a atualização mais recente na busca pelo bóson de Higgs na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), em Meyrin, perto de Genebra, em julho de 2012

Londres -
O físico britânico Peter Higgs, vencedor do Nobel de Física de 2013, não é adepto das novas tecnologias e é descrito de maneira unânime como uma pessoa extremamente modesta. Higgs teve um lampejo de gênio em 1964, quando era um simples professor, ao defender a existência de uma partícula teórica que os cientistas do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) encontraram em 2012, após uma longa busca: o bóson de Higgs.

[SAIBAMAIS]Higgs foi premiado ao lado do belga François Englert com o Nobel. Ambos formularam separadamente teorias que explicam como as partículas elementares adquirem sua massa. O homem de grande modéstia, atualmente com 84 anos, afirmou "Ah, já sei como fazer", quando intuiu a existência de um "campo" que se assemelharia a uma espécie de cola na qual as partículas estariam mais ou menos presas, relatou o colega Alan Walker. Higgs publicou um documento sobre sua teoria e virou o símbolo de uma tese científica para a qual muitos cientistas contribuíram ao longo dos anos.



Tímido e discreto, Higgs vive em Edimburgo, na Escócia, onde foi professor, sem telefone celular e televisão. Inclusive, resistiu por muito tempo a comprar um computador, segundo o jornal Sunday Times. De acordo com a publicação, ele sofreu problemas de saúde recentemente. "Estou assombrado por receber este prêmio" disse Higgs, segundo um comunicado divulgado pela Universidade de Edimburgo. "Espero que este reconhecimento da ciência fundamental ajude a aumentar a consciência sobre a importância da pesquisa imaginativa", completou, ao agradecer a Real Academia Sueca das Ciências. "Nunca pensei que isto aconteceria comigo vivo", declarou Higgs em um vídeo divulgado após o anúncio de que o CERN havia descoberto o "bóson".

Considerado uma pessoa muito inteligente por todos que trabalharam com ele, Higgs teve o primeiro artigo sobre o bóson rejeitado pela revista Physics Letters, editada na época pelo CERN, a mesma organização europeia que acabaria por confirmar a existência da partícula. Uma segunda versão mais elaborada do documento foi finalmente publicada nos Estados Unidos. "É um homem doce e educado, mas que se torna tenaz quando dizem falsidades no âmbito da física", declarou à AFP Alan Walker, já aposentado e que colaborou com Higgs. Nascido em 29 de maio de 1929 em Newcastle, norte da Inglaterra, Higgs tem um doutorado no King;s College de Londres e vários diplomas honorários e recompensas (Royal Society, Institute of Physics, etc). Por sua modéstia, Higgs fica irritado com o termo "bóson de Higgs". Por ser ateu, também não aprecia o fato do bóson ser chamado de "partícula de Deus".

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