Agência France-Presse
postado em 16/10/2013 23:11
Washington - Um grupo de cientistas descobriu que uma rara mutação genética associada ao mal de Alzheimer acelera a perda de tecido cerebral e leva a um declínio mental mais rápido.Aqueles que detiverem a variação do gene TREM2 perdem tecido cerebral duas vezes mais rápido do que os idosos que estão sadios, segundo uma pesquisa publicada na revista New England Journal of Medicine.
Os sujeitos saudáveis perdem menos de 1% de sua matéria cerebral por ano, uma perda que é compensada em parte pela regeneração de neurônios resultante do estímulo mental, explicou.
Segundo os pesquisadores, os sintomas do mal de Alzheimer começam a se manifestar quando cerca de 10% do tecido cerebral foi destruído.
"Este é o primeiro estudo que usa escâneres cerebrais para mostrar o que faz esta variante do gene e é muito surpreendente", diz o co-autor Paul Thompson, da Universidade do Sul da Califórnia. "Este gene acelera a perda cerebral em um ritmo arrepiante", acrescentou.
Thompson e seus colegas fizeram exames de ressonância magnética (IRM) em 478 adultos, com idade média de 76 anos no transcurso de dois anos.
Eles descobriram que aqueles que tinham a mutação perdiam entre 1,4% e 3,3% mais de seu tecido cerebral do que aqueles que não a apresentavam, assim como a deterioração acontecia com o dobro da velocidade. A perda de tecido cerebral se concentrou nos centros de memória do cérebro, como o hipocampo e o lóbulo temporal.
A variante TREM2 foi descrita em janeiro como uma mutação rara, que existe em 1% da população americana e europeia e que pode triplicar o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer. Estudos posteriores confirmaram o vínculo com a doença também em africanos.
A mutação genética foi igualmente relacionada com um aumento nas possibilidades de se desenvolver Parkinson e uma estranha forma de deterioração cerebral precoce chamada doença Nasu-Hakola.
O mal de Alzheimer afeta 36 milhões de pessoas no mundo, entre eles 5,5 milhões de americanos. Este número poderia chegar a 13,8 milhões só nos Estados Unidos em 2050, devido ao envelhecimento crescente da população.