Uma pesquisa de dimensões inéditas sobre a biodiversidade amazônica revelou que a riqueza de espécies da floresta de 6 milhões de quilômetros quadrados anda de mãos dadas com a raridade. Dos 16 mil tipos de árvores que o estudo supõe existir na região, apenas 227 compõem metade de todas as plantas da Amazônia. Isso significa que apenas 1,4% das espécies domina a paisagem que se estende pelo território de nove países diferentes, sendo o açaizeiro a planta campeã de presença. De acordo com o levantamento, publicado ontem na revista Science, essa desigualdade deixa pouco espaço para as 11 mil espécies consideradas muito raras: juntas, elas seriam responsáveis por apenas 0,12% dos 390 bilhões de árvores amazônicas.
Um verdadeiro batalhão de pesquisadores de 125 instituições de todo o mundo trabalhou por mais de 10 anos na tarefa de calcular a quantidade de árvores que formam o bioma mais diversificado do mundo. Eles determinaram 1.170 parcelas que seriam vasculhadas por espécimes que pudessem servir de base para o grande cálculo. ;O que tem em um ponto pode ser parecido com o que tem em um ponto adjacente. Com isso, você faz uma extrapolação para as áreas que não foram amostradas. Quanto mais pontos, melhor a estimativa;, explica Flávia Costa, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e coautora do estudo.
A bióloga fez parte do grupo que estudou a área entre Manaus e Porto Velho, em parcelas de um hectare por vez. Até então, as coletas na área eram feitas de forma esparsa, pois alguns dos pontos mais ricos em espécimes são isolados e têm pouca ou nenhuma estrutura de acesso. ;Precisa de tempo, coragem e um tanto de grana;, resume Flávia. Todas as árvores com mais de 10cm de diâmetro encontradas nessas áreas foram contabilizadas, e esses dados foram cruzados com inúmeras pesquisas feitas desde 1934. Um complexo método foi usado para estimar quantas outras plantas se escondem em locais pouco ou nunca explorados.
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