Belo Horizonte ; É fato que se trata de uma doença silenciosa. Muitos a chamam de o mal do século. O que ainda parece pouco divulgado é que a depressão nem sempre vem acompanhada de tristeza. Embora sentir-se melancólico seja um sintoma nuclear, existem outros, como a dificuldade em encontrar prazer em atividades corriqueiras e mesmo a falta de energia no dia a dia. ;Muitas vezes, a pessoa está com um quadro depressivo que vai se manifestar mais na atividade do que naquilo que seria mais evidente. A recomendação é que seja feita uma avaliação mais criteriosa, considerando outros sinais e sintomas da doença;, explica o psiquiatra Alexandre Aguiar.
Desde a década de 1970, a comunidade médica tem uma concepção mais elástica do que seja a depressão. A ideia da doença associada à melancolia, ao choro e à falta de ânimo tem convivido cada vez mais com outros quadros. Segundo o psiquiatra Kalil Duailibi, essas ;variações; costumam ser mais comuns em homens. ;Eles apresentam quadros diferentes, caracterizados pela irritabilidade, pelas explosões, pelo mau humor e também pela dor física;, destaca o também professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Santo Amaro (Unisa) e ex-coordenador de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo.
A American Psychiatric Association divulgou, no mês passado, um estudo mostrando que, de uma forma geral, a prevalência da depressão em pacientes do sexo masculino é tão grande quanto em mulheres. ;Não tem mais aquela história de duas mulheres com depressão para um homem deprimido. Neles, no entanto, as características estão mais ligadas a dores e irritabilidade;, completa Duailibi. O sujeito não necessariamente está melancólico e choroso. A doença pode esconder-se por trás da dificuldade para dormir, da falta de paciência com tudo e com todos, por exemplo. ;Chamamos de depressão aparentemente sem doença. A pessoa não está lamentando a vida, mas, de alguma forma, o corpo chora;, ressalta o médico.
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