São mais de 80 bilhões de operários trabalhando sem parar, dentro de uma sala escura. Ali, ninguém age sozinho. O bom funcionamento dessa fábrica de ideias e ações que é o cérebro humano depende da comunicação entre os neurônios. Interrupções ou equívocos na linha de produção acabam comprometendo corpo e mente: do mal de Parkinson à depressão severa, passando por Alzheimer, esquizofrenia, enxaqueca, insônia e anorexia, é cada vez maior o número de moléstias associadas a interrupções na conexão entre os circuitos cerebrais.
[SAIBAMAIS]Aos poucos, a ciência começa a entender como as redes de células se relacionam, um passo crucial não só rumo a tratamentos para essas doenças mas à compreensão de funções normais e distintas que vão da formação de imagens ao aprendizado. Os avanços e desafios do estudo dessa orquestra de neurônios são tema de um especial publicado na edição de hoje da revista Science.
Há até pouco tempo, o cérebro era o mais ilustre desconhecido órgão do corpo. Civilizações antigas, como a dos egípcios, creditavam ao coração o papel de centro de controle do homem. Aquela estranha massa porosa dentro do crânio não parecia ter importância; por isso, como as entranhas, era jogada fora no processo de embalsamamento das múmias. Quatrocentos e cinquenta anos antes de Cristo, o grego Alcmaeon de Crotona levantou a hipótese de o cérebro processar as sensações e emoções, uma ideia contestada mais tarde por seu conterrâneo Aristóteles.
A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique