Agência France-Presse
postado em 06/11/2013 17:42
Washington - Os Estados Unidos embarcaram em uma ambiciosa modernização de sua bomba nuclear B61, essencial para o futuro de seu arsenal e para dar continuidade aos esforços de redução de armas, mas especialistas criticam seu custo proibitivo e sua inutilidade.
Mantida com a Força Aérea desde o final dos anos 1970, a bomba é lançada por avião, ao contrário dos mísseis lançados dos silos ou dos submarinos, com os quais Washington conta em bom número. Isso continua sendo imprescindível, disseram funcionários da Defesa em uma audiência na Câmara de Representantes na semana passada.
"O B61 é a única arma em nosso arsenal que cumpre ao mesmo tempo missões táticas e estratégicas", declarou o chefe do Comando Estratégico, general Robert Kehler.
O poder de cada bomba, disponível em quatro modelos, pode ser regulado para ir de 0,3 a 360 quilotoneladas, o equivalente a 360.000 toneladas de TNT. Esse é o único tipo de bomba que os americanos podem armazenar - cerca de 180 unidades - no continente europeu, especificamente nas bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia.
O projeto consiste em reunir em um único modelo - o B61-12 - os diferentes tipos de bombas B61 para fazer "uma bomba nuclear tudo-em-um", assim como em aperfeiçoar a segurança e reduzir os custos de manutenção, afirmou o analista da Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês), Hans Kristensen.
Ainda assim pretende-se dotá-la de um kit de orientação para torná-la mais precisa, reduzindo a quantidade de material físsil necessário para destruir um alvo.
Combinada com a futura aposentadoria da bomba B83, a mais poderosa no arsenal dos Estados Unidos (1,2 megatonelada), esta modernização permitirá dividir por seis a quantidade total de material físsil das bombas lançadas por aviões, comemora Donald Cook, o número dois da Administração de Segurança Nuclear (NNSA, na sigla em inglês).
-- Derrapada inflacionária --
Ainda em fase inicial, o programa de modernização já apresenta problemas. Estimado em US$ 4 bilhões há dois anos, um novo cálculo estabelece seu custo atual em US$ 8,1 bilhões, segundo Medelyn Creedon, encarregada dos Assuntos Estratégicos do Pentágono. Já um painel do Pentágono acreditar que custará entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões.
Esse aumento já suscitou a oposição de alguns senadores, que denunciaram os excessos do programa e reduziram em um terço o orçamento de US$ 537 milhões inicialmente destinado ao projeto para 2014.
"Os argumentos contra a modernização da B61 são simples: é indisponível, desnecessário e inútil", afirma Kingston Reif, do Boletim de Cientistas Atômicos.
O diretor de Pesquisa da Associação de Controle de Armas, Tom Collina, também acredita que a Força Aérea está sendo muito ambiciosa em tempos de austeridade fiscal. Ele lembra que a instituição já deve financiar os desenvolvimentos dos caças F-35 e de um novo bombardeiro de longo alcance, além de ter a intenção de solicitar a fabricação de um novo míssil de cruzeiro nuclear para 2030.
Em relação à vontade do presidente Barack Obama de buscar uma redução das armas nucleares táticas na Europa, Collina avalia que "não faz qualquer sentido gastar bilhões para modernizar armas, das quais o presidente já disse que quer se desfazer".
E, acrescentou Collina, essa modernização pode ser contraproducente diante da perspectiva de conversas com Moscou. Apesar do objetivo declarado por Washington, os russos, que se apoiam em sua vantagem nuclear, especialmente pela relativa fraqueza de suas forças convencionais, podem se irritar, explicou Collina à AFP. "Não sei qual será sua resposta, mas, sem dúvida, não será positiva", acrescentou.
Mantida com a Força Aérea desde o final dos anos 1970, a bomba é lançada por avião, ao contrário dos mísseis lançados dos silos ou dos submarinos, com os quais Washington conta em bom número. Isso continua sendo imprescindível, disseram funcionários da Defesa em uma audiência na Câmara de Representantes na semana passada.
"O B61 é a única arma em nosso arsenal que cumpre ao mesmo tempo missões táticas e estratégicas", declarou o chefe do Comando Estratégico, general Robert Kehler.
O poder de cada bomba, disponível em quatro modelos, pode ser regulado para ir de 0,3 a 360 quilotoneladas, o equivalente a 360.000 toneladas de TNT. Esse é o único tipo de bomba que os americanos podem armazenar - cerca de 180 unidades - no continente europeu, especificamente nas bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia.
O projeto consiste em reunir em um único modelo - o B61-12 - os diferentes tipos de bombas B61 para fazer "uma bomba nuclear tudo-em-um", assim como em aperfeiçoar a segurança e reduzir os custos de manutenção, afirmou o analista da Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês), Hans Kristensen.
Ainda assim pretende-se dotá-la de um kit de orientação para torná-la mais precisa, reduzindo a quantidade de material físsil necessário para destruir um alvo.
Combinada com a futura aposentadoria da bomba B83, a mais poderosa no arsenal dos Estados Unidos (1,2 megatonelada), esta modernização permitirá dividir por seis a quantidade total de material físsil das bombas lançadas por aviões, comemora Donald Cook, o número dois da Administração de Segurança Nuclear (NNSA, na sigla em inglês).
-- Derrapada inflacionária --
Ainda em fase inicial, o programa de modernização já apresenta problemas. Estimado em US$ 4 bilhões há dois anos, um novo cálculo estabelece seu custo atual em US$ 8,1 bilhões, segundo Medelyn Creedon, encarregada dos Assuntos Estratégicos do Pentágono. Já um painel do Pentágono acreditar que custará entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões.
Esse aumento já suscitou a oposição de alguns senadores, que denunciaram os excessos do programa e reduziram em um terço o orçamento de US$ 537 milhões inicialmente destinado ao projeto para 2014.
"Os argumentos contra a modernização da B61 são simples: é indisponível, desnecessário e inútil", afirma Kingston Reif, do Boletim de Cientistas Atômicos.
O diretor de Pesquisa da Associação de Controle de Armas, Tom Collina, também acredita que a Força Aérea está sendo muito ambiciosa em tempos de austeridade fiscal. Ele lembra que a instituição já deve financiar os desenvolvimentos dos caças F-35 e de um novo bombardeiro de longo alcance, além de ter a intenção de solicitar a fabricação de um novo míssil de cruzeiro nuclear para 2030.
Em relação à vontade do presidente Barack Obama de buscar uma redução das armas nucleares táticas na Europa, Collina avalia que "não faz qualquer sentido gastar bilhões para modernizar armas, das quais o presidente já disse que quer se desfazer".
E, acrescentou Collina, essa modernização pode ser contraproducente diante da perspectiva de conversas com Moscou. Apesar do objetivo declarado por Washington, os russos, que se apoiam em sua vantagem nuclear, especialmente pela relativa fraqueza de suas forças convencionais, podem se irritar, explicou Collina à AFP. "Não sei qual será sua resposta, mas, sem dúvida, não será positiva", acrescentou.