Ciência e Saúde

Memórias sobre espaços e eventos compartilham a mesma rede de neurônios

Quando se fala no trágico 11 de setembro, todo mundo se lembra de Essas são características do que os cientistas chamam de memória episódica: a capacidade de armazenar e, depois, recuperar recordações que estão associadas a um determinado lugar no tempo e no espaço onde e com quem estava ao ouvir a notícia

Paloma Oliveto
postado em 29/11/2013 06:03
Quando se recordava das visitas do Sr. Charles Swann à fictícia cidadezinha francesa de Combray, o narrador da saga Em busca do tempo perdido evocava, ao lado da figura do vizinho, o grande castanheiro, a mesa de ferro do jardim, a ;chama da lâmpada de cristal da Boêmia, em forma de urna, suspensa do teto por pequenas correntes;, a lareira de mármore de Siena, uma ;salinha que cheirava a íris; ou a ;saleta onde todos se abrigavam se chovia;. Na obra-prima de Marcel Proust, uma ode à memória, a lembrança de episódios está profundamente ligada à visualização dos lugares onde eles ocorreram. Na vida real, também é assim: quando se fala no trágico 11 de setembro, todo mundo se lembra de onde e com quem estava ao ouvir a notícia; quando se encontra um velho amigo na rua, a tendência é formar, na mente, a imagem contextualizada do último encontro.

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Essas são as caracerísticas do que os cientistas chamam de memória episódica: a capacidade de armazenar e, depois, recuperar recordações que estão associadas a um determinado lugar no tempo e no espaço. Isso levanta a desconfiança de que tanto a memória episódica quanto a espacial ; aquela que permite dirigir de casa para o trabalho quase sem pensar no trajeto ; envolvam as mesmas redes de neurônios. De acordo com especialistas, a melhor compreensão sobre esses circuitos é fundamental para o estudo de problemas como as demências, que apagam do cérebro não apenas os fatos, mas, muitas vezes, a orientação espacial dos pacientes.

Com um jogo de computador que simula entregas de mercadorias e objetos em uma cidade virtual, pesquisadores alemães e americanos conseguiram mostrar que as células cerebrais ativadas na memória episódica são as mesmas que entram em atividade na recordação de informações espaciais. De acordo com eles, como em um mapa cheio de alfinetes coloridos, esses neurônios fazem ;marcações geográficas; (geotags) para memórias específicas e são ativados imediateamente antes de essas recordações serem puxadas pela mente. Assim, o encontro com o velho amigo na rua ;acende; a rede de neurônios, trazendo não só a imagem dessa pessoa, mas também, por exemplo, da praça onde ela foi vista na última vez.

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