Ciência e Saúde

Pesquisa aponta que gatos-do-mato-pequenos formam duas espécies distintas

Pesquisadores brasileiros descobrem que os animais conhecidos como gatos-do-mato-pequenos formam, na verdade, espécies distintas

Roberta Machado
postado em 30/11/2013 08:00
Pesquisa publicada esta semana revelou uma surpresa sobre o menor felino selvagem do território sul-americano: o gato-do-mato-pequeno, na verdade, é representado por duas espécies distintas. O Leopardus tigrinus, como é conhecido esse tipo de onça-pintada em miniatura, se separou há mais de 100 mil anos em grupos de visual muito parecidos, mas que têm fortes diferenças genéticas e que não se reproduzem mais entre si. De acordo com o estudo, divulgado na revista Current Biology, o gato-pintado cruzou com outros tipos de felídeos silvestres e se estabeleceu em populações distintas, nas regiões Nordeste e Sul do país. A descoberta pode mudar as políticas de conservação do animal ameaçado, que, sabe-se agora, mostra características únicas em um número bastante limitado de indivíduos.

Os cientistas estudavam o gato-do-mato-pequeno havia 20 anos e já tinham notado o processo de hibridização entre essa e outras espécies em certas áreas do Brasil. Mas, durante a análise das amostras colhidas nessas zonas híbridas, uma surpresa mudou o rumo da pesquisa: os animais que vivem no norte e no sul do país se revelaram espécies completamente diferentes ; o que fez com que a espécie que habita o Sul e o Sudeste ganhasse um novo nome, Leopardus guttulus. ;A gente não esperava encontrar uma diferenciação genética tão grande assim;, conta Tatiane Trigo, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Os segmentos extraídos do DNA dos dois tipos de gato eram mais diferentes do que entre outras espécies de pequenos felinos, provando que, embora fossem muito parecidos, os bichos pertenciam a tipos diferentes. A semelhança que engana, explica Tatiane, é típica das espécies crípticas, comum em morcegos e roedores, mas relativamente rara em mamíferos. ;Existem muitas espécies crípticas, que têm a morfologia exatamente igual e, mesmo assim, não intercruzam entre elas. E, para gatos, descobrimos um primeiro caso no Brasil;, descreve a especialista em genética molecular evolutiva.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação