Ciência e Saúde

Adaptação genética da píton é chave para evitar doenças em humanos

Os cientistas consideraram particularmente interessante como este réptil nativo do sudeste asiático é capaz de comer criaturas tão grandes quanto ele próprio

Agência France-Presse
postado em 02/12/2013 20:23
Washington - A píton birmanesa é uma das criaturas mais avançadas evolutivamente da Terra, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (2/12), uma descoberta que pode trazer esperanças para o tratamento de várias doenças que afetam os seres humanos. "As serpentes parecem ter evoluído funcionalmente muito mais do que outras espécies", disse David Pollock, da Universidade de Colorado (oeste dos EUA), autor principal do estudo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS).

A análise do genoma da píton birmanesa sugere que uma complexa interação entre a expressão gênica
A descoberta pode permitir, no caso dos humanos, encontrar um meio de deter mutações genéticas antes que estas causem doenças. Os cientistas consideraram particularmente interessante como este réptil nativo do sudeste asiático é capaz de comer criaturas tão grandes quanto ele próprio.

A píton birmanesa (;Python molurus bivittatus;) não só abre a mandíbula para comer uma presa grande como um cervo, mas seus órgãos chegam a crescer muito para digerir rapidamente o animal antes que ele se decomponha. Em questão de um ou dois dias, o coração, o intestino delgado, o fígado e os rins da serpente aumentam de tamanho entre 35%-150%. Mas uma vez digerida a comida, os órgãos encolhem e voltam ao tamanho normal.



A análise do genoma da píton birmanesa sugere que uma complexa interação entre a expressão gênica, a adaptação das proteínas e as mudanças na estrutura do genoma permite a estas serpentes fazer o que outros com os mesmos genes não conseguem. Entender como o corpo da serpente organiza estas mudanças importantes em órgãos-chave pode oferecer uma nova compreensão dos mecanismos existentes por trás de doenças humanas, como insuficiências de órgãos, úlceras e transtornos metabólicos, entre outros, afirmou o co-autor do estudo, Stephen Secor.

"A píton birmanesa tem uma fisiologia incrível", disse Secor, da Universidade do Alabama (sul). "Com seu genoma, agora podemos investigar os muitos mecanismos moleculares ainda sem explorar que ela usa para aumentar dramaticamente sua taxa metabólica, deter a produção de ácido, melhorar a função intestinal, e aumentar rapidamente o tamanho de seu coração, intestino, pâncreas, fígado e rins", afirmou. O estudo do genoma da píton birmanesa foi chefiado por Todd Castoe, da Universidade do Texas (sul), e incluiu 38 co-autores de quatro países.

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