Agência France-Presse
postado em 11/12/2013 15:08
O mal de Alzheimer que, junto a outros tipos de demência, afeta mais de 40 milhões de pessoas no mundo, representa um desafio em escala planetária para os sistemas de saúde e para os pesquisadores, que até o momento não descobriram a cura.O número de pessoas que sofrem de demência, principalmente de Alzheimer, que é de longe a principal causa da demência, aumentou em 22% nos últimos três anos, atingindo 44 milhões de pessoas, segundo relatório do Alzheimer Disease International (federação de associações).
Este número deverá triplicar até 2050, com cerca de 135 milhões de pessoas vítimas da demência em todo o planeta, entre eles 16 milhões na Europa, de acordo com este relatório.
Nos Estados Unidos, reduto do aumento da expectativa de vida e do envelhecimento, demências como o Alzheimer já custaram mais do que o câncer e doenças cardiovasculares, de acordo com a Rand, uma corporação sem fins lucrativos.
A doença é caracterizada pela existência de placas senis (identificadas como agregados de proteínas beta-amiloides), bem como uma degeneração neurofibrilar, ligada a proteína tau anormal ("fosforilada"), que se acumula nos neurônios e propagam a sua destruição. Apesar dos progressos, as pesquisa ainda se concentram em entender a sequência da "cascata" de eventos que levam à morte neuronal para melhor elucidar as primeiras alterações identificadas no organismo do paciente.
"A busca não está avançando rápido o suficiente e os modelos animais são imperfeitos", de acordo com o professor Philippe Amouyel, diretor da Fundação Nacional de Alzheimer (França). Segundo ele, para parar a engrenagem fatal com uma chance em cinco de ser afetado com mais de 80 anos, "seria necessário intervir antes do início dos sintomas", o que significa ser capaz de diagnosticar muito cedo o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer, quase dez anos antes das primeiras manifestações clínicas da doença.
Testes neuropsicológicos, dosagem do líquido que banha a medula espinhal, a genética , tomografias por emissão de pósitrons, fazem parte dos instrumentos para a detecção da doença. Também há estudos conduzidos para melhor identificar as pessoas em risco. De acordo com o consórcio internacional IGAP, liderada pelo Inserm, vinte genes (incluindo uma dúzia de parentes) que predispõem à doença em sua forma esporádica (não-familiar) oferecem novos caminhos que podem ajudar a desenvolver tratamentos e métodos de triagem.
Mas muitos mistérios permanecem: por que, por exemplo, as proteínas deformadas de uma pessoa doente e inoculadas no cérebro de um rato saudável desencadeiam a doença como no prião da vaca louca? Estimular a sua mente, manter atividades e até mesmo trabalhar por mais tempo, como mostrado por estudos franceses e americanos, diminuem o risco de desenvolver a doença, ou pelo menos retardar o seu aparecimento. E isso não pode ser desprezado, dizem os especialistas.