Ciência e Saúde

Líquido do corpo de insetos pode reduzir ação de bactérias, fungos e vírus

Cientistas do Instituto Butantan testam o potencial do líquido que preenche o corpo desses animais com intenção de produzir substâncias contra doenças como o herpes e a poliomielite

Bruno Freitas
postado em 14/12/2013 08:02

Em testes, a hemolinfa da taturana reduziu em 1 milhão de vezes a replicação do vírus da herpes: próximos testes serão em organismos vivos

Belo Horizonte ; O líquido que corre pelo corpo de insetos pode ser vital também para seres humanos. A hemolinfa, fluido incolor que corresponde à função do sangue em invertebrados, tem potencial para reduzir a ação de bactérias, fungos e vírus, indicando a possibilidade de criação de vacinas. Pesquisadores do Instituto Butantan, de São Paulo, têm se valido dessa prerrogativa ao identificar substâncias promissoras em pesquisas com duas famílias de lagartas.

Na primeira, iniciada há 12 anos, foi isolada e purificada uma proteína em um animal da família Saturniidae: a Lonomia obliqua, a popular taturana. Nesse caso, a substância fez com que a replicação do vírus da herpes se tornasse 1 milhão de vezes menor e a do vírus da rubéola, 10 mil vezes menor. ;Até a conclusão do trabalho, podemos chegar a uma redução ainda maior;, aponta o virologista Ronaldo Zucatelli Mendonça, que está à frente da pesquisa há cinco anos.



Os últimos resultados apontam substâncias de alta potência antiviral em lagartas da família Megalopygidae. Na busca pela composição química para testes em organismos e futura aplicação farmacêutica, os dados preliminares demonstram ação inequívoca: a Megalopygidae tornou 2 mil vezes menor a replicação do picornavírus (parente do vírus da poliomielite) e 750 vezes menor a do vírus do sarampo, além de ter neutralizado o H1N1, da influenza.

Ambos os estudos focam em substâncias que apresentem propriedades em ação antiviral e apoptótica, que promove a apoptose, a morte celular programada ou desencadeada que elimina células danificadas ou em excesso. As proteínas são produzidas pela tecnologia de DNA recombinante. Enquanto acontece a apoptose, a ação viral, utilizada atualmente nas lagartas Megalopygidae, combate vírus específicos. Por meio do DNA, o gene codificador da proteína é extraído da hemolinfa, clonado em um baculovírus (vírus que ataca insetos) e replicado em células de insetos que produzem proteínas de defesa (as chamadas proteínas recombinantes) em grande quantidade.

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