Agência France-Presse
postado em 17/12/2013 18:32
Paris - A demanda global de carvão crescerá menos nos próximos anos graças aos esforços da China na busca por energias limpas, embora seu consumo vá continuar afetando seriamente o meio ambiente, advertiu a AIE.Em seu relatório anual sobre esta energia fóssil, a que mais gera gases de efeito estufa, a agência energética dos países desenvolvidos prevê um crescimento anual da demanda global de 2,3% até 2018 perante 2,6% de sua previsão anterior.
"Apesar de um ritmo de crescimento sutilmente mais lento, o carbono terá um papel cada vez mais importante se comparado ao petróleo e o gás no crescimento da demanda mundial de energia, uma tendência que se observa há uma década", explicou a AIE.
Entre 2007 e 2012, a demanda mundial de carvão aumentou 3,4% anuais, a taxa mais alta entre as energias fósseis. "Mais de três quintos do aumento das emissões mundiais de CO2 do ano 2000 provêm da combustão de carvão para produzir eletricidade e calor", lembrou a agência.
Em 2012 foram consumidas no mundo cerca de 7,7 bilhões de toneladas de carvão, 170 milhões de toneladas a mais do que no ano anterior.
A demanda de carvão "em sua forma atual é simplesmente insustentável" para o meio ambiente disse a diretora da AIE, Maria van der Hoeven, lembrando que o êxito do carvão se deve a ser um recurso "abundante e geopoliticamente seguro, com usinas elétricas a carvão que podem ser integradas facilmente aos sistemas energéticos existentes".
Inflexão da demanda na Europa
Até 2018, "a maior parte do aumento [da demanda] virá da China, como nos últimos dez anos", previu a AIE. Só em 2012, o consumo de carvão na China representou 47,8% do consumo mundial, um novo recorde.
A agência também destaca que as políticas para deter o consumo na China, maior consumidor mundial de carvão desde 1984, "já estão afetando o mercado mundial" desta energia fóssil altamente poluente.
Prova disso é que o crescimento do consumo de carvão passou de %2b9,4% em 2011 para %2b4,7% em 2012 e alcançou 3,6 bilhões de dólares.
"Embora a China vá ser responsável por 60% do aumento da demanda no mundo nos próximos cinco anos, os esforços do governo para favorecer a eficiência energética e diversificar a produção de eletricidade terão efeitos, freando o aumento da demanda", informou a agência da OCDE.
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A AIE lembrou, no entanto, que Pequim aprovou vários projetos de fábricas de transformação de carvão em gás ou em diesel sintético ("coal-to-gas" e "coal-to-liquids"). Estas instalações, que poderiam reduzir a contaminação nas cidades chinesas, favorecem a demanda de carvão e supõem importantes emissões de CO2, assim como o aumento do consumo de água.
Só em 2012, a China consumiu a mesma quantidade de carvão que a Alemanha desde 1990, que a União Europeia desde 2006 ou que os Estados Unidos desde 2009. Segundo as previsões da AIE, o Japão aumentará seu consumo de carvão de 1,3% em média por ano até 2018.
Na Europa, o consumo dos países da OCDE deve cair 6% nos próximos cinco anos, apesar da retomada de 2012-2013 provocada pela queda de preços perante o gás.
Esse aumento na Europa "é apenas temporário", segundo a AIE, que prevê uma nova queda da demanda provocada pelo fraco crescimento econômico, o aumento das energias renováveis e a maior eficiência das usinas de carvão.
Nos Estados Unidos, o consumo caiu 10,7% em 2012, na segunda maior queda anual registrada pela AIE, principalmente devido à concorrência do gás de xisto, mais barato. A demanda no país deve se manter estável até 2018.