Ciência e Saúde

Técnica de reprodução de abelhas pode facilitar polinização de lavouras

Atualmente, uma das principais limitações para utilizar abelhas sem ferrão na polinização é a dificuldade em produzir colônias em quantidade suficiente para atender à demanda dos agricultores

postado em 24/12/2013 11:11
São Paulo ; Uma nova técnica para a reprodução de abelhas sem ferrão pode facilitar a polinização de lavouras no país, o que levaria à redução do custo das produções agrícolas e à melhoria da produtividade em até 40%. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) desenvolveram um método pelo qual as larvas recém-nascidas recebem uma quantidade seis vezes maior de alimento do que estão acostumadas. Dessa forma, todas as abelhas fêmeas superalimentadas se tornam rainhas.

A nova técnica levaria à redução do custo das produções agrícolas e à melhoria da produtividade em até 40%
Atualmente, uma das principais limitações para utilizar abelhas sem ferrão na polinização é a dificuldade em produzir colônias em quantidade suficiente para atender à demanda dos agricultores. A maioria dessas espécies, como a mandaguari e a jataí, apresentam baixo número de rainhas. Elas são responsáveis por colocar os ovos e formar as colônias. ;[Com a nova técnica,] a partir de uma única colônia consigo produzir 2 mil rainhas em um mês. É um número bastante elevado;, explicou Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e autor do estudo.

De acordo com Menezes, para polinizar toda a área plantada de morango no Brasil, por exemplo, seriam necessárias cerca de 50 mil colmeias da abelha jataí ou mandaguari. ;Atualmente, a gente não tem quem forneça essa grande quantidade;, informou. Ele explicou ainda que muito produtores precisam contratar trabalhadores para passar o dedo de flor em flor para transportar o grão de pólen pela falta das abelhas, o que aumenta custo da produção. Um dos exemplos em que esse trabalho é necessário é no cultivo do maracujá. ;Se não tiver polinização, a produção de frutos é zero;, destacou.



O processo de polinização ocorre naturalmente quando animais fazem o transporte do pólen de uma flor para outra. As plantas fornecem o recurso alimentar, geralmente o néctar, e as abelhas, que são os principais agentes polinizadores, coletam. Nesse processo, elas se sujam de pólen e, ao visitar outra flor, transportam esse grão, levando à reprodução da planta. Para cada tipo de flor, uma espécie de abelha é adequada ao trabalho. ;Além de o custo ser bem menor, a abelha é muito mais eficiente que o ser humano. Nasceram para fazer isso. Quando você aluga uma colônia, ela já tem 10 mil indivíduos trabalhando;, explicou. Isso aumenta a produção em cerca de 20% a 40%, apontou Menezes.

Além do baixo número de rainhas, o grande volume de área desmatada para plantação e o uso intensivo de pesticidas explicam a insuficiência de abelhas. Nesse sentido, os primeiros projetos em campo da pesquisa, a serem iniciados no próximo ano, serão feitos na região sul do estado de Minas Gerais. ;É onde o controle biológico já é bastante difundido;, disse Menezes. Ele ressaltou que o estudo está sendo feito em parceria com uma empresa produtora de agentes biológicos para que seja disponibilizado um pacote de serviços mais adequado à polinização. ;Não adianta nada o agricultor alugar colmeia e bater bastante inseticida, porque vai matar abelhas;, justificou.

Hoje, o serviço de aluguel de colmeias para a polinização de lavouras só está disponível em espécies com ferrão. De acordo com o pesquisador, o custo médio é R$ 60 pelo período de dois meses. ;Na época da plantação, o agricultor vai alugar o serviço e a gente estaciona as abelhas no período da floração. No café, por exemplo, dura em torno de 15 dias;, explicou. No caso das abelhas sem ferrão, como é um mercado novo, não há estimativa de preço, mas Menezes avalia que o custo deve ser similar ao que é praticado atualmente.

Os pesquisadores estão, agora, iniciando a fase de coleta de colônias para produção em larga escala. A partir do próximo ano, as colônias serão levadas para a plantação, a fim de testar o funcionamento delas e, em 2015, espera-se que o serviço esteja disponível.

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