Ciência e Saúde

Dúvidas permanecem sobre o efeito dos antirretrovirais para quem tem Aids

Ninguém sabe quais efeitos provocarão em soropositivos quando consumidos por mais de 30 anos

postado em 28/12/2013 07:02
;O meu tesão agora é risco de vida, meu sex and drugs não tem nenhum rock;n;roll;, escreveu Cazuza em Ideologia, música lançada em 1988, dois anos antes de o cantor não resistir às complicações decorrentes da doença desenvolvida a partir da temida infecção pelo HIV. A mutante Rita Lee escolheu chamar o micro-organismo de vírus do amor, no título da canção de 1985. ;Dentro da gente, beira o caos;, descreveu a roqueira. A poesia em torno da doença tenta definir a angústia e as limitações que a infecção traz para a vida do soropositivo não só no fim da década de 1980 ; quando o tratamento era quase inexistente ;, mas ainda hoje. Os avanços tecnológicos e científicos foram capazes de aumentar a qualidade de vida da pessoa infectada e tornar a doença fatal próxima de uma condição crônica controlável. Mesmo assim, os dramas sociais e as dúvidas permanecem.


A professora aposentada Mara Moreira, 37 anos, tem o vírus há 19. A infecção aconteceu com o primeiro parceiro sexual dela, o marido. Aos 18, ela se casou ;na igreja, virgem e evangélica;. ;Achei que a Aids estava bem longe da minha realidade;, completa. Todos os exames pré-nupciais foram feitos, mas, como ela mesma diz, ;por puro preconceito e ignorância médica;, menos o anti-HIV. Três meses após o casamento, o esposo adoeceu com uma pneumonia insistente. Depois da hospitalização, veio o diagnóstico da infecção viral.

;Eu não o culpo porque ele não sabia que estava infectado. Várias pessoas não usam camisinha e acham que a outra pessoa é a culpada. Cada um é responsável por si. Ele tinha que ter solicitado o preservativo, e eu também;, diz. Hoje, o Ministério da Saúde estima que existam pelo menos 150 mil pessoas no Brasil que não sabem estar infectadas pelo vírus. Em 7 de abril de 1996, Mara ficou viúva. Casou-se novamente com parceiro sorodiscordante. O preconceito sofrido por ambos durante a relação, que dura sete anos entre idas e vindas, é rasgado: ele foi demitido duas vezes após a condição da mulher ter se tornado pública.

A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação