Primeiro foi a religião; depois, a psicanálise. Por fim, chegou a neurociência. Desde a década de 1990, com a possibilidade de ;radiografar; o interior do cérebro graças à ressonância magnética, o funcionamento do órgão tem sido utilizado para explicar os mais diversos aspectos do comportamento humano. Entes abstratos, espírito e mente ganharam um concorrente que tem tamanho, forma, peso; pode ser visto e observado.
O mundo vive o século do cérebro. Basta pesquisar o PubMed, banco de dados da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, para se constatar a popularidade do tema. O sistema, que faz uma busca em mais de 3 mil periódicos científicos, mostra que, nos últimos cinco anos, foram publicados 58.002 artigos contendo a palavra-chave ;atividade cerebral;. Enquanto isso, o número de textos com o termo ;alzheimer; não chega à metade: 20.895. O rastreio no PubMed também revela o crescimento no interesse dos pesquisadores. Em 2006, a ferramenta encontrou somente um artigo sobre atividade cerebral. Em compensação, o registro, em 2012, chegou a 12.670. O resultado parcial de 2013 mostra que, neste ano, 11.314 textos científicos a respeito foram divulgados até novembro.
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O prestígio da neurociência é justificado. Esse campo, que abriga pesquisadores de diversas especialidades, estuda o sistema nervoso em suas mais variadas facetas. O entendimento dos aspectos microbiológicos, fisiológicos e estruturais dos neurônios ; assim como seu desenvolvimento e interação ; é o que vai permitir encontrar tratamentos para males tão diversos como demência e insônia. Outra promessa dos investigadores do cérebro é devolver a mobilidade a tetraplégicos, caminho que tem sido percorrido com sucesso pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis.
O estudo do mais complexo órgão do corpo também tem ajudado psicólogos e psiquiatras a compreenderem melhor distúrbios desafiadores, de causas desconhecidas, e que impingem grande sofrimento ao homem. Manias, tristezas aparentemente injustificadas, obsessões: os males da alma ganham, cada vez mais, explicações neurocientíficas. Falhas na conexão de redes de neurônios, padrões anormais de ativação de determinadas regiões cerebrais, falta ou excesso na produção de substâncias químicas ; pesquisas mostram que tudo isso tem forte correlação com problemas para os quais, há até pouco tempo, não existiam justificativas físicas.
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