Ciência e Saúde

Bulimia nervosa, mais comum em mulheres, avança entre homens

Entrevistas com mais de 5,5 mil homens indicam que 31% já comeram exageradamente e forçaram a expulsão dos alimentos. O comportamento, tido como pontual, pode ser um indício da bulimia nervosa

postado em 04/01/2014 08:02
Duas horas de ingestão descontrolada de alimentos e tentativas de eliminar a explosão de calorias o mais rápido possível. A combinação desses comportamentos caracteriza a bulimia nervosa. Comum em mulheres, o perigoso distúrbio acomete cada vez mais homens. Um estudo feito pelo Hospital Infantil de Boston (EUA) com 5.527 homens entre 12 e 18 anos mostrou que, em pelo menos um momento da investigação, que durou de 1999 a 2010, 31% dos entrevistados confessaram ter comportamentos bulímicos ou de compulsão alimentar, sem perda de controle.

O número pode ainda estar subestimado, já que o problema nem sempre é admitido ou percebido pelos pacientes. ;Alguns disfarçam por muito tempo que estão com o problema e mostram-se felizes, mesmo estando passando por momentos desafiadores na vida. O resultado desse comportamento influi diretamente em uma fuga. Nesse caso, é comumente percebido o uso das drogas;, alerta a psiquiatra Carla Bicca. O mesmo estudo americano constatou que características parciais ou completas de bulimia elevam em 2,85% a probabilidade de um quadro depressivo, em 2,27% o risco de obesidade e em 1,62% a chance de uso de drogas.

Diferentemente da anorexia, caracterizada pela rápida perda de peso, a bulimia demanda mais tempo para ser percebida. Mas alguns fatores ajudam a perceber o problema. Além dos sinais mais evidentes ; como compulsão alimentar, dietas desequilibradas, indução ao vômito e uso de laxantes ;, o esmalte dentário costuma ficar desgastado e há o aumento das glândulas salivares das bochechas. Esses dois últimos indícios são consequência dos vômitos forçados. ;As consequência são severas. A pessoa pode vir a sofrer com inflamação do esôfago em razão da quantidade de comida ingerida e rapidamente retirada;, diz a bióloga Paula Louredo.

A especialista explica que arritmias cardíacas, inflamação da garganta e das glândulas salivares, sangramento do esôfago, problemas gastrintestinais, cáries e desidratação também são comuns em pacientes com bulimia. Há ainda o risco de fadiga, desmaios, ressecamento da pele, constipação e oscilações de humor. ;A bulimia pode ser causada por fatores psicológicos, biológicos, familiares e culturais. Geralmente, o rapaz esconde a doença dos familiares por ter vergonha dos ataques compulsivos por comida e por julgar esse comportamento como uma falta de autocontrole, o que ajuda na baixa autoestima;, detalha.

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