Agência France-Presse
postado em 06/01/2014 21:27
Washington - Os astrônomos os chamam de super-Terras e eles são abundantes fora do nosso sistema solar, mas quanto mais os cientistas aprendem sobre eles, mais nosso planeta parece um ;estranho no ninho; quando comparado.Acredita-se que planetas do tamanho da Terra ou até quatro vezes maiores representem três quartos dos planetas candidatos a ter condições favoráveis à vida descobertos pelo telescópio espacial Kepler, da Nasa.
Até agora, os astrônomos catalogaram cerca de 3.000 destes planetas na esperança de que possam indicar a existência de vida fora da nossa galáxia.
Mas especialistas reunidos em um encontro da Sociedade Astronômica Americana nos arredores de Washington nesta segunda-feira afirmaram que embora as super-Terras ou os mini-Netunos sejam comuns, eles têm pouca semelhança com o planeta ao qual chamamos de casa.
"Nosso sistema solar parece ser diferente. Todos estes planetas que a Kepler descobriu são estranhos", disse Yoram Lithwick, da Universidade Northwestern.
"De vinte a trinta por cento de todas as estrelas têm estes planetas malucos", acrescentou.
Super-Terras e mini-Netunos que têm mais de duas vezes e meia o raio da Terra "devem ser cobertos com montes e montes de gás, o qual é o resultado mais surpreendente", afirmou Lithwick.
Ele estudou cerca de 60 destes planetas e descobriu que provavelmente eles se formaram "muito rapidamente depois do nascimento de sua estrela, enquanto ainda havia um disco gasoso ao redor da estrela".
"Em comparação, acredita-se que a Terra tenha sido formada muito depois de que o disco de gás desapareceu", acrescentou.
Não apenas muitos destes planetas são mais quentes do que a Terra, com há uma quantidade de gás enorme cobrindo seu núcleo rochoso resultando em pressão atmosférica extrema.
"Aqui na Terra seria como estar sob 10 oceanos", afirmou Geoff Marcy, da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Consultado se seria possível encontrar vida nestas condições, Marcy disse aos jornalistas ter feito a mesma pergunta a alguns de seus amigos especialistas em biologia. Resumidamente, eles não têm certeza, afirmou.
"Não é impossível", estimou. "Nós sabemos muito pouco sobre como a vida começou e em quais ambientes pode florescer".
O telescópio Kepler foi lançado em 2009 em uma missão de busca de planetas similares à Terra ao observar seu trânsito ou ofuscamento diante da luz, à medida que passam em frente a suas estrelas.
Ele não está mais completamente operacional, tendo perdido a tração em duas de suas quatro rodas de orientação no ano passado, mas astrônomos esperam que consiga continuar enviando observações limitadas de mundos distantes.