Washington - A empresa americana Orbital Sciences decidiu adiar o lançamento de sua cápsula não tripulada Cygnus, previsto para quarta-feira (8/1), devido a perturbações solares, atrasando assim sua primeira missão de abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS).
O lançamento do Antares, foguete com dois estágios que transportará a Cygnus, estava programado para as 13h32 (16h32 de Brasília) do centro de voo de Wallops, situado em uma ilha perto da costa da Virgínia, leste dos Estados Unidos.
No entanto, o risco de uma erupção solar poderia aumentar o nível de radiação no espaço e danificar os sistemas da cápsula, explicou a Orbital Sciences, que assinou um contrato com a Nasa para abastecer a ISS.
"Esta manhã, a equipe de lançamento do Antares decidiu adiar o lançamento previsto devido a um incomum alto nível de radiação no espaço", explicou a empresa em um comunicado.
"Estes níveis de radiação são consequência das erupções solares registradas na noite de terça-feira, que "excediam em uma margem considerável as restrições impostas pela missão para garantir que os sistemas eletrônicos do foguete não sejam impactados por um ambiente de radiação severa", destacou a empresa espacial.
Frank Culbertson, diretor-executivo da Orbital, disse durante coletiva de imprensa por telefone que sua equipe decidirá nas próximas horas se lança ou não a cápsula na quinta-feira a partir das 13H10 locais (16H10 de Brasília).
A previsão da meteorologia dá 75% de probabilidade de condições favoráveis. Caso contrário, a Orbital pode fazer o lançamento na sexta-feira, mas as condições climáticas não devem ser tão boas.
"Se não conseguirmos lançá-la na sexta, então teremos uma discussão séria com a Nasa para determinar se será preciso recondicionar a carga de experimentos científicos a bordo (...) antes da tentativa seguinte", o que provavelmente não ocorrerá antes de meados da próxima semana, disse Antonio Elias, diretor técnico da Orbital.
Inicialmente previsto para dezembro, o lançamento da Cygnus foi adiado várias vezes por causa da decisão da Nasa de substituir com urgência uma bomba de amoníaco defeituosa em um dos dois circuitos de resfriamento da ISS, em uma operação realizada por dois astronautas em duas caminhadas espaciais.
No voo atual, a Cygnus transportará 1.461 quilos de carga científica, entre a qual estarão formigas enviadas ao espaço para que se possa observar seu comportamento em ambiente de microgravidade, além de material para estudar a resistência dos micróbios aos antibióticos.
"Este voo será o primeiro de três previstos este ano para a ISS pela Cygnus (...), durante os quais transportará um total de 5,5 toneladas de material", afirmou o diretor-geral da Orbital Sciences, Frank Culberston, em entrevista coletiva anterior ao lançamento previsto para a quarta-feira.
Provisões na ida, despejos na volta
[SAIBAMAIS]O foguete Cygnus chegará à ISS no domingo. Em sua chegada, dois dos seis astronautas da tripulação usarão o braço mecânico da ISS para capturar a cápsula e proceder com seu acoplamento.
Os tripulantes da ISS - três russos, dois americanos e um japonês - começarão um dia depois a descarregar a mercadoria e em seguida carregarão o Cygnus com materiais descartados que estão na plataforma orbital.
Ao contrário do realizado pela cápsula Dragon da SpaceX, a outra empresa americana escolhida pela Nasa para levar carga à ISS, Cygnus não retornará à Terra e será destruída depois de ingressar na atmosfera.
A agência espacial americana aposta em sua associação com o setor privado para reduzir o custo do acesso em órbita baixa.
Segundo os termos de um contrato de US$ 1,9 bilhão com a Nasa, a Orbital Sciences levará 20 toneladas de carga à ISS durante oito voos que serão realizados até o começo de 2016.
A SpaceX já realizou três missões na ISS com sua cápsula Dragon, duas delas para levar carga no âmbito de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Nasa. A empresa deve realizar ainda dez voos de abastecimento da ISS até 2015.
Para abastecer o laboratório orbital, a Nasa utiliza ainda veículos automatizados, os europeus ATV, o japonês HTV e o russo Progress. Mas estes últimos se autodestroem quando reingressam na atmosfera, ao completar sua missão.
Desde o fim do programa de ônibus espaciais, em 2011, os Estados Unidos dependem das naves russas Soyuz para enviar seus astronautas à ISS, pagando US$ 70,7 milhões por pessoa.
A Orbital Sciences realiza lançamentos de satélites comerciais e militares para o Pentágono. A empresa emprega 3.600 pessoas e seu volume de negócios alcançou US$ 1,5 bilhão em 2012.