Ciência e Saúde

Cientistas criam "cola" capaz de estancar sangramento no coração

Pesquisadores dos Estados Unidos criam produto capaz de estancar sangramento no tecido cardíaco sem a necessidade de uma posterior sutura. Testes com ratos e porcos tiveram resultados promissores

Bruna Sensêve
postado em 10/01/2014 06:02
Pesquisadores dos Estados Unidos criam produto capaz de estancar sangramento no tecido cardíaco sem a necessidade de uma posterior sutura. Testes com ratos e porcos tiveram resultados promissores

Uma cola biodegradável pode ser capaz de interromper o sangramento de corações doentes, prometem pesquisadores do Hospital Infantil de Boston, ligado à Escola de Medicina de Harvard, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O produto foi desenvolvido com foco nas crianças que nascem, por exemplo, com defeitos congênitos, situação em que o frágil tecido cardíaco talvez não seja capaz de suportar intervenções altamente invasivas. É possível, no entanto, que, no futuro, o material também possa ser utilizado para outros públicos e situações diversas que demandem o estancamento urgente do sangue, como nos campos de guerra. O diferencial da supercola de Harvard, garantem os criadores, é a alta capacidade de aderência e não toxicidade, quando comparada aos modelos disponíveis no mercado.

;Cerca de 40 mil bebês nascem com defeitos cardíacos congênitos nos Estados Unidos anualmente e aqueles que necessitam de tratamento sofrem com múltiplas cirurgias para entregar ou substituir os implantes não degradáveis que não crescem com pacientes jovens;, conta Jeffrey Karp, da Divisão de Engenharia Biomédica do Hospital Infantil de Boston e autor do artigo publicado, nesta semana, na revista científica Science Translational Medicine. Para testar o gel, nomeado de adesivo hidrófobo ativado por luz (HLAA, em inglês), os autores, inicialmente, usaram camundongos e perceberam que o material, que tem o processo de adesão catalisado por raios ultravioleta, poderia ser usado para conectar um ;remendo; de polímeros ao coração e que, sozinho, poderia selar defeitos na parede cardíaca, mesmo efeito das suturas.



Em seguida, eles transferiram os testes para porcos, animais cujo coração bate em taxas similares ao dos humanos ; o dos ratos tem batimento muito mais elevado. A eficiência da supercola foi mais uma vez confirmada. Além disso, foi observado que o adesivo se manteve no mesmo lugar mesmo com o aumento dos batimentos, quando adrenalina foi injetada nas cobaias. ;O HLAA sozinho foi capaz de fechar imediatamente até defeitos na artéria carótida de suínos sem quaisquer complicações hemorrágicas;, garantem os pesquisadores.

O maior problema enfrentado hoje para a aplicação na cirurgia cardiovascular de colas biológicas é a falta de aderência. O campo operatório está normalmente inundado com sangue e existe uma alta pressão nas cavidades. ;Para usar os produtos disponíveis, não pode haver sangue no campo operatório e isso é algo extremamente difícil de conseguir. São colas que não têm uma capacidade de aderência muito forte;, descreve Robson Poffo, cirurgião cardiovascular do Hospital Albert Einstein.

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