Paloma Oliveto
postado em 14/01/2014 08:04
A máxima de que ;você é o que come; não se aplica apenas a indivíduos. Desvendar os muitos cardápios de uma cidade ajuda arqueólogos a reconstruir a história daquele local, mesmo que a última refeição tenha sido feita há 200 séculos. É o que vem ocorrendo em Pompeia, cidade romana engolida pelas cinzas do vulcão Vesúvio em 79 d.C. Há uma década, pesquisadores da Universidade de Cincinnati fazem escavações e vasculham o lixo milenar de lojas e residências, atrás de pistas sobre a cultura de uma das civilizações mais avançadas da antiguidade.O trabalho dos arqueólogos se concentra em uma área de dois quarteirões dentro de um dos mais agitados portões de Pompeia, o Porta Stabia. Hoje, porém, esse local é pouco visitado pelos turistas, que costumam priorizar em seus passeios a região do Fórum e das moradias de elite, como a Casa do Fauno, com seus ricos e impressionantes afrescos. A vizinhança investigada pelos pesquisadores da Universidade de Cincinnati era, por outro lado, reduto da classe média, que vivia e trabalhava naquelas proximidades. A maioria dos 10 prédios abrigando casas e comércios data do século 6 a.C., quando Pompeia ainda era uma jovem cidade, mas pelo menos uma construção é do século 4 a.C.
O ramo principal das lojas do complexo consistia na venda de comida e bebida; por isso, o local é ideal para pesquisar os hábitos alimentares dos cidadãos romanos. Os arqueólogos investigaram o conteúdo de estações de esgoto, latrinas e fossas, de onde resgataram excrementos e restos de comida mineralizados. Da sujeira, emergiu um rico material de estudo. ;A análise bioquímica nos permitiu fazer uma interessante distinção socioeconômica de cada imóvel;, conta Steve Ellis, professor de estudos clássicos da Universidade de Cincinnati, que revelou o resultado da pesquisa no encontro anual do Instituto Arqueológico da América.
Ele conta que na maior parte das residências e lojas, o cardápio era composto por alimentos baratos e de fácil acesso, como grãos, frutas, nozes, azeitonas, peixes da região e lentilhas. Em poucas casas, cortes de carnes nobres e peixes salgados vindos da Espanha indicavam um nível econômico mais alto. O que os pesquisadores não esperavam encontrar eram restos do osso da perna de uma girafa, descoberto na lixeira de um restaurante. ;Nunca havíamos encontrado esse animal em escavações na Itália. Como isso veio parar em uma cozinha de Pompeia não sabemos, mas, claramente, representa uma atitude de ostentação;, explica Ellis.
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