Lilian Monteiro
postado em 28/01/2014 09:24
Curitiba e Belo Horizonte ; Consideradas alterações do comportamento sexual, as parafilias são doenças caracterizadas por fantasias sexuais específicas, necessidades e práticas sexuais repetitivas e angustiantes ao indivíduo que comumente lhe causam sofrimento. Esses transtornos foram tema de discussão na 31; edição do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado no fim do ano passado, em Curitiba. Especialistas discutiram o diagnóstico, o tratamento, quais transtornos parafílicos são crimes e quais exigem intervenção clínica, excetuando os casos de comportamentos não convencionais, mas praticados de forma consensual.Segundo o psiquiatra Paulo Roberto Repsold, especialista em psiquiatria forense, as parafilias são desenvolvidas pelo indivíduo ao longo da vida ;de forma lenta e gradual;. ;Tratam-se de preferências sexuais anormais e doentias, no sentido de bizarras a pervertidas;, explica. O médico diz que é importante ressaltar que esses transtornos podem ter graus de intensidade e consequências sociais distintas. ;A pedofilia é uma doença que quem a pratica passa a ser criminoso. No entanto, se ela ocorre só na cabeça, se a pessoa segura a onda apenas vendo imagens e revistas sobre crianças, aí não é crime;, exemplifica.
Repsold explica que o distúrbio mental com preferência anômala e pervertida serve para definir qualquer parafilia (veja quadro). O tratamento é a única saída. ;Mas ela é incurável porque não tem efetividade segura, seja farmacológica ou psicoterapêutica. Contudo, o indivíduo consegue viver com o problema, podendo reduzi-lo em frequência e intensidade e, assim, controlar a compulsão.;
O critério para o diagnóstico, conforme Paulo Roberto, é a preferência. Ou seja, quando a pessoa sente mais prazer com a atividade parafílica do que com o sexo normal. O psiquiatra conta que, epidemiologicamente, as parafilias não são raras na sociedade, sendo as mais frequentes as menos intensas. Não há, no entanto, números estatísticos sobre esses transtornos. Repsold destaca o impacto que elas têm na saúde do paciente por gerar sofrimento, inadequação social e envolver terceiros, gerando graves prejuízos físicos e mentais.
;A complicação do problema é que o tratamento tem de partir do indivíduo. Ele tem de procurar ajuda. No Sistema Único de Saúde (SUS), há tratamento para saúde mental que, certamente, dará o encaminhamento necessário para casos desse tipo. Ou ainda, a percepção de amigos, família e parentes, pessoas que vão estimular quem está sofrendo a buscar tratamento. Apesar de não haver cura específica, há como tratar e melhorar a saúde mental;, diz o psiquiatra.
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