Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Loja francesa anuncia fóssil de Pterossauro brasileiro por R$ 600 mil

Além de criminoso, esse tipo de negócio prejudica as pesquisas no país

Uma importante peça da pré-história brasileira foi parar em um site de leilões internacional. O raro exemplar de um pterossauro que viveu há 120 milhões anos onde hoje fica o Nordeste está anunciado no eBay, uma das maiores páginas de venda do mundo, a US$ 262 mil (aproximadamente R$ 638 mil). Já foram feitos quatro lances e, de acordo com a página, a cada hora uma pessoa vê a oferta, que está sendo vigiada por 43 usuários. Trata-se de um espécime praticamente inteiro do Anhanguera santanae, escavado em Santana de Cariri. A cidade cearense localiza-se na Chapada do Araripe, o sítio natural mais rico do mundo em pterossauros.



Quem anuncia o Anhanguera é a loja francesa Geofossiles, na cidade de Charleville-Mézi;res. No Ebay, a empresa afirma ser especialista na venda de ;fósseis mamíferos do mundo; (mas o pterossauro, primo do dinossauro, é um réptil). O negócio foi criado em 2009 e, de acordo com a propaganda, tem como objetivo possibilitar que o comprador ;desfrute da melhor qualidade fóssil com o menor preço;. O Correio entrou em contato com a Geofossiles pelo e-mail informado, mas não obteve resposta.

Crime

A venda de fósseis é permitida por alguns países, como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Mas o comércio fica restrito aos ossos escavados nesses locais ou adquiridos de nações que, legalmente, permitem sua exportação. Não é o caso brasileiro. Desde 1942, quando foi publicado o primeiro decreto-lei sobre bens culturais paleontológicos do país, proíbe-se a exploração, a venda e a saída do país de depósitos fósseis. Esses objetos, inclusive, não podem ser comprados nem por brasileiros, pois são patrimônio nacional. A extração, a comercialização, o transportar e a exportação dos fósseis sem autorização configura crime com pena de multa e reclusão de um a oito anos.

Contudo, paleontólogos denunciam que traficantes burlam a fiscalização, transformando a herança histórica e cultural do país em pura mercadoria. O pesquisador Juan Carlos Cisneros, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), diz que é comum ver fósseis brasileiros à venda na internet. ;É um problema conhecido. Há muito tempo se anunciam peças da Chapada do Araripe. Geralmente, são de peixes, insetos ou plantas. Mas, de vez em quando, aparecem os de maior valor científico;, lamenta.

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