Ciência e Saúde

Governo reconhece dificuldade para fiscalizar coleta e destino de fósseis

Site de leilões francês vende a R$ 600 mil restos de um pterossauro que viveu há 120 milhões de anos na Região Nordeste

Paloma Oliveto
postado em 05/02/2014 07:00
Fóssil do pterossauro brasileiro Anhanguera santanae, de 120 milhões de anos, que está sendo oferecido ilegalmente para venda no site de leilões ebay
O pterossauro brasileiro de 120 milhões de anos anunciado no site de leilões Ebay pertence a um colecionador particular. De acordo com o proprietário da loja francesa que colocou o fóssil à venda, o espécime teria sido adquirido por essa pessoa há cerca de 30 anos, na Alemanha. ;O pterossauro está em consignação para um dos meus clientes;, contou David Guery, dono da Geofossils. Desde 1942, a legislação brasileira proíbe a venda e a exportação comercial de fósseis, considerados patrimônio da nação. Ainda assim, a peça já recebeu quatro lances e alcançou, por enquanto, US$ 262 mil (mais de R$ 600 mil) em ofertas. Ao mesmo tempo, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) reconhece a dificuldade para fiscalizar a coleta de fósseis em áreas de mineração intensa, como a Chapada do Araripe, de onde saiu o pterossauro.



;O controle ainda é deficiente;, constata Felipe Barbi Chaves, chefe da Divisão de Proteção de Depósitos Fossilíferos do DNPM. ;Infelizmente, fósseis como esse são extremamente atrativos no exterior. O problema de descaminho lá (na Chapada do Araripe) é muito grande. O poder público não tem perna para fazer um acompanhamento rotineiro, 24 horas por dia;, afirma. Ele diz que, desde 2006, o órgão intensificou a atuação, mas faltam funcionários para coibir o roubo de fósseis. No escritório do DNPM no Crato (CE), há apenas dois geólogos especializados em paleontologia. Lotado em Brasília, Chaves faz visitas constantes ao local, assim como três pesquisadores que ficam no Rio de Janeiro. ;Há uma necessidade muito maior de pessoal técnico qualificado;, diz.

O chefe da Divisão de Proteção de Depósitos Fossilíferos explica que, quando um fóssil é encontrado nas placas de calcário, os trabalhadores das frentes de lavra os separam e entregam os objetos ao DNPM ou a pesquisadores das universidades que fazem estudos na região, em particular, as federais do Ceará, de Pernambuco, do Piauí e a Universidade do Cariri. ;Recebemos muito material, mas um como esse do pterossauro desperta muito interesse econômico e, às vezes, é escondido;, conta Felipe Barbi Chaves.

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