Ciência e Saúde

Células da medula óssea ajudam pacientes com pseudoartrose, aponta pesquisa

O estudo consistiu em injetar células-tronco da medula óssea com potencial de se transformarem em osso, em tendão ou em músculo, chamadas multipotenciais, no local da fratura

postado em 12/02/2014 16:20
Pesquisa do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) aponta que o uso de células de medula óssea pode ajudar na recuperação de fraturas em pacientes com pseudoartrose, que enfrentam dificuldades em consolidação de fraturas.

O ortopedista João Matheus Guimarães, coordenador de Ensino e Pesquisa do Into, explicou que quem sofre de pseudoartrose não apresenta a evolução natural que leva à formação de um novo osso no local da fratura, popularmente chamado de calo ósseo, que consolida a fratura.

Nesses casos, o processo de formação do calo ósseo termina na fibrose, sem as etapas posteriores de cicatriz, cartilagem e, finalmente, o osso. ;Quando o processo para na fibrose, é o que a gente chama de pseudoartrose ou falsa articulação, que é a não consolidação [da fratura];, disse à Agência Brasil.

O estudo consistiu em injetar células-tronco da medula óssea com potencial de se transformarem em osso, em tendão ou em músculo, chamadas multipotenciais, no local da fratura. As células foram retiradas dos próprios pacientes.

;São essas [multipotenciais] que nós injetamos no foco [da fratura] e elas, naquele meio, viraram osso;, explicou. A pesquisa constatou também que os pacientes que receberam mais células da medula óssea tiveram maior consolidação das fraturas.

Testes indicam 50% de consolidação da fratura, usando a técnica. ;Uma das coisas que influiu foi, exatamente, a parte genética;.

A pesquisa identificou também que a predisposição genética pode interferir na consolidação de fraturas. Foram estudados dois genes que estimulam tanto a formação do osso como da fibrose e verificou-se que alterações neles podem afetar o processo. Foram avaliados os genes de 101 pessoas que tiveram consolidação da fratura, em comparação com 66 pacientes com pseudoartrose.



Além da questão genética, o ortopedista advertiu que uma cirurgia mal sucedida, uma fixação inadequada, também podem influenciar na recuperação. ;Tem paciente que você faz tudo direito e não cola a fratura. E nesses pacientes [com pseudoartrose], a gente notou que tem essa diferença por meio de problema genético;.

A expectativa do ortopedista é usar a terapia, com células da medula óssea, no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2015, pois até o final do ano está prevista a inauguração do banco de células de medula óssea do Into.

;O que depende de você ampliar para a população toda é ter um laboratório com um banco de células, onde você possa multiplicar essas células. E, com isso, você consegue fazer em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS);, disse.

;A gente pode até, no futuro, estar cedendo células para outros hospitais, como já faz com o banco de tecidos;. O Into dispõe do único banco público de tecidos do país.

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