Luciane Evans, Estado de Minas
postado em 05/03/2014 07:00
Belo Horizonte ; ;Comia o que aparecia na minha frente. Pizza, lasanha, doces. Chegava a passar mal de tanto comer, mas, assim que melhorava, comia de novo;, confessa a jovem Ludmila Rodrigues de Aguiar, 29 anos. Tendo alcançado os 179kg, Ludmila, que já passou por uma cirurgia de redução de estômago e hoje pesa 150kg, diz não saber o que a levou a perder o controle sobre a comida. Porém, a ciência já começa a traçar uma resposta para essa questão. Comparando a obesidade ao alcoolismo, o que tem sido feito por muitos cientistas no mundo, pesquisadores de várias universidades brasileiras, em um trabalho conjunto, apontam que as duas doenças têm algo em comum: a compulsão. A conclusão serve, segundo os responsáveis, como uma reflexão para auxiliar no tratamento de obesos.
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Pesquisadores das universidades federais do Paraná (UFPR), de São Paulo (Unifesp) e de Minas Gerais (UFMG) estão debruçados há pelo menos dois anos nesse trabalho, que tem como objetivo entender a perda de controle que uma pessoa tem diante da comida e um alcoolista, diante das bebidas etílicas. ;Fizemos, nesse primeiro momento, vários modelos em camundongos com uma ingestão forçada de alimentos e com doses diárias de etanol. Vimos que tanto os que comeram quanto os que receberam etanol tinham genes comuns envolvidos no comportamento compulsivo, e esse foi o grande elo entre as doenças;, comenta a coordenadora do projeto, Ana Lúcia Brunialti Godard, bióloga e professora de genética humana da UFMG.
Segundo ela explica, esses genes estão relacionados à produção da leptina, um hormônio presente também em todas as pessoas e ligado à sensação de saciedade. ;Percebemos, contudo, que, no caso da obesidade e do alcoolismo, ela está envolvida na compulsão. Mas não é só ela: há um conjunto de genes. Sabemos que, em uma pessoa normal, a leptina traz a sensação de satisfação depois que o indivíduo ingere uma quantidade de alimentos. Mas, naquela pessoa que não tem o controle sobre a comida, esse hormônio pode estar atuando no cérebro para que esse obeso nunca deixe de sentir fome;, comenta Godard, dizendo que o próximo passo da pesquisa é justamente saber quando e como esse hormônio atua. ;Um paciente que sofre com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), por exemplo, também age com compulsão;, compara.
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Segundo ela explica, esses genes estão relacionados à produção da leptina, um hormônio presente também em todas as pessoas e ligado à sensação de saciedade. ;Percebemos, contudo, que, no caso da obesidade e do alcoolismo, ela está envolvida na compulsão. Mas não é só ela: há um conjunto de genes. Sabemos que, em uma pessoa normal, a leptina traz a sensação de satisfação depois que o indivíduo ingere uma quantidade de alimentos. Mas, naquela pessoa que não tem o controle sobre a comida, esse hormônio pode estar atuando no cérebro para que esse obeso nunca deixe de sentir fome;, comenta Godard, dizendo que o próximo passo da pesquisa é justamente saber quando e como esse hormônio atua. ;Um paciente que sofre com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), por exemplo, também age com compulsão;, compara.