Ciência e Saúde

Pesticidas provocam pandemia de autismo, diz especialista em saúde

Médico defende que produtos químicos, em especial os pesticidas, estão diretamente relacionados a distúrbios como autismo

Paloma Oliveto
postado em 14/03/2014 06:50
Uma pandemia silenciosa. É como um dos maiores especialistas internacionais em saúde da criança define os casos de transtornos do neurodesenvolvimento, problemas que afetam de 10% a 15% dos nascimentos. Pediatra e diretor do Centro de Saúde Ambiental Infantil da Faculdade de Medicina Mount Sinai, em Nova York (EUA), Phillip Landrigan acredita ter identificado os maiores vilões do cérebro em formação. Em um estudo publicado na revista Lancet Neurology, o médico defende que produtos químicos, em especial os pesticidas, estão diretamente relacionados a distúrbios como autismo, deficit cognitivo, hiperatividade e dislexia.



O novo artigo é a revisão de uma pesquisa conduzida por Landrigan em 2006, na qual o pediatra juntou dados epidemiológicos do mundo todo, além de analisar resultados de testes clínicos realizados com substâncias tóxicas. Na época, foram identificados cinco resíduos industriais ; chumbo, metilmercúrio, arsênico, bisfenol policlorado e tolueno ;, além de 201 produtos químicos que causaram danos ao sistema nervoso de adultos expostos a eles no ambiente de trabalho, em acidentes ou devido a envenenamento intencional. ;Desde então, novos dados surgiram sobre a vulnerabilidade do cérebro em desenvolvimento, além de evidências a respeito da neurotoxidade dos produtos químicos;, alerta.



Coautor do estudo, Philippe Grandjean, professor de saúde ambiental da Faculdade de Medicina de Harvard, diz que o cérebro do feto não é protegido contra substâncias químicas em geral. ;A placenta é incapaz de bloquear a passagem de uma boa quantidade de tóxicos ambientais aos quais a mãe está exposta. Mais de 200 agentes químicos estranhos ao organismo já foram detectados no sangue do cordão umbilical, sem contar que o leite materno também é uma fonte de transmissão desses agentes;, revela. Estudos in vitro, conta o médico, sugerem que as células-tronco neurais, que vão dar origem aos neurônios e a outras estruturas do órgão, são extremamente sensíveis a essas substâncias, especialmente ao metilmercúrio. ;Em suma, químicos industriais conhecidos ou suspeitos de serem neurotóxicos para adultos também são riscos em potencial para o embrião;, diz.

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