Ciência e Saúde

Hábito de roer as unhas pode estar associada ao transtorno de ansiedade

Psicoterapia ajuda a pessoa a entender a origem da compulsão e enfrentá-la

Isabela de Oliveira
postado em 08/04/2014 06:45
A lembrança de uma prova na escola, um dia tenso no trabalho ou um filme de suspense no cinema bastam para que as mãos sejam automaticamente levadas à boca. Adeus, unhas. Após a destruição das estruturas que protegem a ponta dos dedos, vem a difícil missão de esconder as feridas e as deformações que surgem. A situação é velha conhecida de quem sofre com onicofagia, nome dado ao comportamento crônico e descontrolado de roer e arrancar unhas e cutículas com os dentes. Um grupo cada vez maior de pesquisadores tem reservado mais atenção ao problema. Um levantamento publicado recentemente na revista especializada Acta Dermato ; Venereologica indica que o hábito é um distúrbio emocional de causas variadas e ligado a problemas como ansiedade.

Psicoterapia ajuda a pessoa a entender a origem da compulsão e enfrentá-la
A onicofagia começa durante a infância ou início da adolescência e pelo menos metade dos indivíduos em idade escolar apresenta o distúrbio. Para muita gente, trata-se de uma compulsão mais difícil de superar que o tabagismo. Mesmo assim, ela costuma ser ignorada por pacientes e médicos, que ainda consideram o hábito inofensivo, com consequências meramente estéticas ; o que não é correto. ;É surpreendente que esse problema seja raramente relatado na literatura e não tenha sido muito estudado até agora. O prejuízo não é apenas estético. Foi claramente demonstrado que roer as unhas de maneira crônica pode causar anormalidades nos dentes, tais como recessão gengival;, argumenta o principal autor do estudo, Przemyslaw Pacan. Ele acrescenta que o hábito pode causar complicações graves, como infecções da pele ao redor das unhas, que sofrem um encurtamento irreversível.



Em seu estudo, Pacan investigou a incidência do problema em 339 jovens estudantes de medicina. Os resultados mostraram que 46% dos entrevistados tinham ou já haviam tido onicofagia. As mulheres apresentaram maior frequência no transtorno e agiam de forma mais inconsciente. Já 51,5% dos homens admitiram perceber claramente o momento em que levavam a mão à boca. Quanto às comorbidades, boa parte dos adeptos foi diagnosticada com ansiedade (22,5%), e o TOC apareceu com menos frequência (3,1%).

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