A depressão é uma doença psiquiátrica que afeta inúmeras pessoas em diferentes fases da vida, podendo ter episódios recorrentes. Há indícios de que o transtorno pode ter causas genéticas, uma linha de estudo bastante explorada pelos cientistas. Um grupo de americanos divulga hoje, na revista Science, um experimento que sinaliza para a possibilidade de cura. Os pesquisadores do Icahn School of Medicine at Mount Sinai e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), ambos nos Estados Unidos, conseguiram bloquear a depressão no cérebro de ratos por meio da emissão de laser óptico.
Allyson Friedman, Ming-Hu Han e a equipe liderada partiram de estudos anteriores mostrando que camundongos com depressão apresentam uma elevação nas correntes dos canais de cátions. Como resultado, os neurônios de dopamina da área tegmental ventral (ATV), localizada no mesencéfalo, podem se tornar hiperativos e, como consequência, deixar os roedores deprimidos.
A comunicação entre neurônios se dá por meio da sinapse, estímulos que passam de uma célula nervosa para a outra por meio de mediadores químicos, conhecidos como neurotransmissores. As sinapses podem ser excitatórias e inibitórias e são resultado do transporte ativo de íons para dentro e para fora da célula, os chamados canais iônicos. Esses canais são como comportas, abrem e fecham de acordo com estímulos físicos, químicos, mecânicos ou eletromagnéticos. Existem dois tipos de canais iônicos: os de cátions (sódio, potássio, cálcio), sendo esses íons excitatórios, com exceção do de potássio; e os de ânions (cloreto), ligados à reação inibitória.
Em vez de tentar controlar a atividade dos neurônios que apresentavam depressão induzida por estresse — efeito produzido pelo tratamentos atuais —, os pesquisadores demonstraram que, com um estímulo ainda maior dos mesmos neurônios, a resistência natural para a doença aumenta. Os resultados mostraram-se tão surpreendentes que Friedman acredita ser possível, com a descoberta, chegar a terapias que utilizem antidepressivos com ações naturais. Ou seja, intervindo em um sistema já inerente ao cérebro humano.
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