Ciência e Saúde

Brincadeiras antigas ajudam no amadurecimento cognitivo de crianças

Segundo especialistas, a postura também enriquece as relações sociais

postado em 29/04/2014 10:18
Pular amarelinha é a brincadeira preferida de Laura, que não tem eletrônicos no quartoSir Jean William Fritz Piaget foi um epistemólogo suíço e é considerado um dos mais importantes pensadores do século 20. Formado em biologia e doutor em psicologia e educação, dedicou-se ao estudo do conhecimento, principalmente de como o desenvolvimento cognitivo se dá ao longo da vida. Criou, a partir de pesquisas e por meio da observação diária dos próprios filhos, a Teoria Cognitiva, que deu aos psicólogos a certeza de que a construção do ser humano é um processo que vai acontecendo na infância. Segundo Piaget, a construção da personalidade se dá pela interação e pela completa utilização dos cinco sentidos da criança. Os brinquedos de hoje, porém, estimulam um ou no máximo dois desses sentidos. Quando muito, a criança precisa usar, além da visão, a audição ao jogar o videogame. Isso, alertam especialistas, pode resultar em uma geração com características físicas e psicológicas completamente diferentes das que estamos acostumados.

;Até pouco tempo atrás, havia uma aproximação, por parte da criança, da concretude cotidiana, o que permitia que ela tivesse uma clara percepção do que era real e do que não era. Ou seja, jogava-se Atari ao mesmo tempo em que se pulava corda e se construía carrinho de rolimã. Transitava-se entre o virtual e o real. Usavam-se os cinco sentidos. Com a apresentação mais precoce ao mundo virtual, há a perda dessa concretude e da utilização dos sentidos para conferir à vida a sua realidade;, analisa Marla Siomonini Teixeira. De acordo com a psicopedagoga e psicóloga, os avanços tecnológicos geram uma troca, em termos de qualidade, entre o real e o virtual, apresentando às crianças um mundo dúbio. ;Ele existe e, ao mesmo tempo, não;, explica Teixeira.



Diretora da Escola Infantil Montessoriana, Andréa Adjuto lembra que, para se divertir, a criança de hoje precisa muitas vezes apenas pressionar um botão. Os amigos estão longe, as relações são virtuais, e o toque, o contato, a imaginação e as relações interpessoais tornaram-se sentimentos e sensações de museu. ;Há 30 anos, as crianças eram mais tranquilas, vivendo realmente a infância. Hoje, tendem ao individualismo, são mais competitivas;, analisa. A comodidade e os fatores sociais, como a violência e a densidade populacional, segundo a especialista, também conduzem essa mudança de personalidade.

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