Ciência e Saúde

Transplante de células pode ajudar a regenerar o coração

A possibilidade fica cada vez mais concreta com os resultados de estudos recentes sobre regeneração cardíaca. Em um deles, o uso de estruturas embrionárias humanas em macacos melhorou em 40% áreas danificadas por infarto

Paloma Oliveto
postado em 04/05/2014 08:00
Quando o tecido está esgarçado, é preciso remendar com um material forte o suficiente para deixá-lo como novo. O mesmo acontece com o coração. Muitas vezes, o órgão, símbolo da vida perde o viço, torna-se roto, apresentando furos e rasgos. A solução pode estar nas células-tronco. Duas pesquisas divulgadas recentemente revelaram o potencial terapêutico dessas estruturas para reparar danos provocados por problemas como infarto e insuficiência cardíaca. Os resultados, promissores, apontam para uma nova era da medicina cardiovascular.

Na Universidade de Washington em Seattle, a equipe do patologista cardíaco Charles Murry conseguiu recuperar o coração de macacos infartados usando células-tronco embrionárias humanas. Até agora, isso só tinha sido possível em ratos. De acordo com o cientista, o estudo, publicado na última edição da revista Nature, é um passo importante rumo a um novo tratamento para falência cardíaca. Em vez do órgão, o transplante, no futuro, será de células, disse.



O infarto do miocárdio acontece quando a artéria coronária fica obstruída por placas de gordura, impedindo o fluxo de sangue e oxigênio no coração. Apesar de não ser uma condição necessariamente letal, os danos são perenes, pois o músculo cardíaco não tem a capacidade de se regenerar sozinho. Com o tempo, o coração começa o processo de falência. De acordo com Charles Murry, já se sabia que as células-tronco embrionárias humanas têm potencial de recuperar os tecidos avariados do órgão, mas, como nunca havia se testado essa técnica em primatas, a dúvida era se ela funcionaria. ;Não sabíamos, por exemplo, se conseguiríamos produzir um número suficiente de células e, então, utilizá-las para recompor o músculo cardíaco de um animal grande, com fisiologia similar à dos humanos;, relata Murry.

Primeiro, o pesquisador cultivou os cardiomiócitos ; células do músculo cardíaco ;, derivados de embriões humanos. A equipe obteve 1 bilhão de unidades, 10 vezes mais do que se havia conseguido até então. Depois, induziu-se o infarto nos macacos. Passadas duas semanas, os animais, que sofriam de falência do coração, receberam uma injeção das células do músculo cardíaco. ;Em pouco tempo, elas formaram tecidos que repararam os danos musculares;, comemora Murry. A regeneração foi de 40% da área danificada pelo infarto. Além disso, não houve rejeição e os cardiomiócitos transplantados se adequaram ao coração dos macacos. Em três meses, estavam completamente integradas ao músculo cardíaco dos animais.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação