Ciência e Saúde

Equipamentos como rádios AM desorientam voos de pássaros

Segundo estudo realizado na Alemanha, equipamentos que usam o campo magnético da Terra como referência prejudicam a migração das aves

Isabela de Oliveira
postado em 10/05/2014 06:08

Pisco-de-peito-ruivo, espécie utilizada no estudo: quanto mais perto dos centros urbanos, mais desorientada

Dificilmente as expedições marítimas iniciadas no século 15 teriam sucesso se os europeus desconhecessem a bússola, instrumento que guiou as caravelas às Índias e às Américas com a ajuda dos campos magnéticos da Terra. Esse ;sexto sentido;, indispensável para o desenvolvimento do mundo moderno, também é essencial para um outra classe de viajantes: a dos pássaros migratórios. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Oldemburgo, na Alemanha, descobriram que os ruídos magnéticos gerados pelos equipamentos eletrônicos, como os rádios AM, estão confundindo o sistema de orientação das aves, tornando a jornada delas muito mais difícil do que era 100 anos atrás. Os resultados foram publicados na edição desta semana da revista Nature.

Essa é a primeira evidência de que as ondas magnéticas têm impacto na biologia dos animais. Até então, tudo que se sabia era que alguns animais, entre eles aves migratórias noturnas chamadas piscos-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), utilizavam o campo magnético da Terra para determinar rotas quando não podiam contar com outros referenciais, como o posicionamento das estrelas. Entretanto, ainda que a ciência tenha identificado essa engenharia há mais de 50 anos, os mecanismos subjacentes à habilidade natural continuam obscuros. Para desvendar o mistério, o biólogo Henrik Mouritsen, principal autor do estudo, equipou gaiolas com sensores que deveriam, teoricamente, indicar como 22 piscos presos ali se orientavam. Porém, a tentativa, realizada no câmpus da universidade entre 2004 e 2006, fracassou.

;Na realidade, estávamos pesquisando a ;bússola; que fica no cérebro desses pássaros. Mas o experimento não funcionou mesmo depois de mudarmos a alimentação, a luz e as gaiolas. Então, também ficamos confusos. Isso nos chamou a atenção para que talvez outra coisa estivesse acontecendo;, relata o autor. A encruzilhada fez com que o estudo tomasse outro rumo. Um dos coautores, o eletrofisiologista Nils-Lasse Schneider, sugeriu que as cabanas de madeira e gaiolas onde os pássaros estavam alojados fossem revestidas com folhas de papel alumínio, uma adaptação capaz de bloquear o ruído eletromagnético gerado por equipamentos eletrônicos.

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