Paloma Oliveto
postado em 11/05/2014 07:00
Eles nascem duplamente condenados. Além de terem que conviver com as dificuldades da loucura ; vozes, inquietações e debilidades que, muitas vezes, os acompanham por toda a vida ;, vêm ao mundo sob o estigma da maldade. Doentes mentais são violentos e cruéis, diz a crença popular. Cada vez que um ataque é protagonizado por alguém com diagnóstico de insanidade, reforça-se a convicção de que a criminalidade anda lado a lado com esses pacientes.
Psicólogos, psiquiatras e cientistas criminais insistem, porém, que não há qualquer relação entre loucura e violência. Diversos estudos têm demonstrado que, ao contrário, pessoas com transtornos mentais cometem menos delitos que o restante da população. Uma pesquisa em fase inicial da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) constatou, até agora, que a reincidência de indivíduos com demência é de 7%, contra 70% dos ditos normais. No caso de homicídios, esse percentual é ainda mais baixo, segundo um levantamento encomendado, em 2011, pelo Ministério da Justiça: 1%.
Agora, pesquisadores americanos utilizaram uma abordagem diferente para dissociar a insanidade da criminalidade. Os cientistas analisaram a relação entre os sintomas de três importantes doenças mentais com a execução de delitos. Eles estudaram 429 crimes cometidos por 143 pacientes diagnosticados com depressão, esquizofrenia e distúrbio bipolar e constataram que em apenas 7,5% dos casos as transgressões estavam ligadas a essas doenças. Por exemplo, somente 4% dos esquizofrênicos que perpetraram delitos foram influenciados por vozes em suas cabeças ou outros sintomas da enfermidade.
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