Após 40 anos de operação, a usina de Fukushima Daiichi, no Japão, sofreu o maior acidente nuclear desde Chernobil. Em abril de 1986, a nuvem tóxica lançada ao ar por um reator no norte da Ucrânia matou diretamente 64 pessoas. Já no desastre de março de 2011, a quantidade de radiação liberada foi 10 vezes menor e não houve óbitos diretos. Porém, em ambos os acidentes, é quase impossível calcular o número de pessoas incapacitadas pela exposição descontrolada ou mesmo quantas perderam a vida em decorrência de doenças e males desenvolvidos anos depois. Por esse motivo, a exposição a substâncias radioativas continua a ser um problema de saúde pública e uma ameaça militar.
Entre os prejuízos ao corpo, está a síndrome de radiação aguda, também conhecida como doença da radiação, na qual doses elevadas de elementos tóxicos podem causar danos a órgãos vitais, incluindo a medula óssea e a estrutura gastrointestinal. A toxicidade da medula óssea por radiação pode ser atenuada com um transplante, mas não há tratamento aprovado para a toxicidade gastrointestinal. Uma possível solução vem do trabalho de Amato Giaccia e Cullen Taniguchi com colaboradores. Os pesquisadores do Departamento de Radiologia Oncológica da Universidade de Stanford descobriram que uma classe de drogas desenvolvida recentemente para tratar outros males pode também ajudar a salvar vidas em graves situações radioativas, como as de Fukushima e Chernobil.
Trata-se da pequena molécula chamada dimethyloxallyl glicina (DMOG), cujos efeitos radioprotetores foram descritos na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine. Ela funciona como um inibidor de hidroxilases de prolil (PHD), regulando uma série de genes que promovem a integridade do tecido no trato gastrointestinal. O tratamento com a DMOG reforçou o tecido epitelial e evitou a perda de fluido e infecções em cobaias expostas à radiação.
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