Agência France-Presse
postado em 19/05/2014 20:37
Um germe procedente de uma região agrícola da China, levado pelo vento, poderia estar na origem da doença de Kawasaki, uma misteriosa síndrome vascular que afeta crianças pequenas, revelou uma equipe internacional de pesquisadores.A doença de Kawasaki, bastante rara mas cuja incidência está aumentando, é difícil de diagnosticar e pode causar danos permanentes às artérias, destacaram os autores do estudo publicado nesta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Sem tratamento, 25% dos doentes desenvolvem aneurismas que podem causar ataques cardíacos e morte súbita.
Descrita pela primeira vez em 1967, no Japão, e batizada com o nome de seu descobridor, Tomisaku Kawasaki, a causa dessa doença continua um mistério.
Ao notar que um forte aumento dos casos de Kawasaki no Japão coincidia com certas características dos ventos no continente asiático, o climatologista espanhol Xavier Rodó, do Instituto catalão de Ciências Climáticas de Barcelona, simulou em computador a circulação de massas de ar e de partículas.
Esse cientista constatou que a maioria dos casos se concentrava no Japão, onde sopravam ventos que se formavam em uma grande região agrícola do nordeste da China.
Em 2011, Rodó e sua equipe equiparam um avião com um filtro de ar muito grande para poder captar amostras de aerossóis a uma altitude de 2.000 a 3.000 metros para evitar os contaminantes superficiais.
Os cientistas captaram amostras durante os dias com maior incidência de casos do mal de Kawasaki e do vento que se forma no nordeste da China.
A equipe de pesquisadores concluiu que "os novos indícios sugerem que a causa mais provável da doença de Kawasaki é uma toxina já formada, ou uma molécula ambiental", procedente do nordeste da China e que pode estar ligada à Candida.
A cândida é um tipo de levedura que é a causa mais frequente de vários tipos de infecções fúngicas no mundo. Esse tipo de mofo foi vinculado a uma vascularidade das artérias similar à doença de Kawasaki em ratos de laboratório.
A multiplicação de casos dessa doença no mundo, como nas Filipinas e na Índia, pode ser provocada pelo mesmo agente infeccioso que procederia de diferentes regiões, destacou a pesquisadora Jane Burns, da Universidade da Califórnia em San Diego, uma das co-autoras desse trabalho.