Ciência e Saúde

Estudo aponta que escolhas humanas podem ser influenciadas pela genética

Os especialistas, contudo, lembram que fatores sociais e psicológicos também são cruciais nessas decisões

Isabela de Oliveira
postado em 25/05/2014 08:00
Volte o ponteiro do relógio e tente se lembrar das perguntas que seus pais e professores lhe faziam na infância. A lista será grande, mas a clássica ;o que você vai ser quando crescer?; certamente estará no repertório. Essa parece uma questão impossível de ser respondida com certeza, pertencente às incertezas do destino. No entanto, uma linha de pesquisas busca demonstrar que o roteiro da vida pode ser lido com antecedência, ou pelo menos deduzido, por estar impresso no genoma.

O tema é controverso e rende acalorados debates acadêmicos, há seis décadas, desde que
a estrutura do DNA foi elucidada. Há cientistas, contudo, que apontam constantemente evidências de que a influência da herança genética permeia quase todos os grandes eventos da vida, inclusive relacionamentos afetivos e escolhas profissionais. Essa explicação biológica, entretanto, não significa que o futuro tenha sido selado na concepção. Até onde a ciência sabe, essa influência sozinha não explica a complexidade do comportamento humano.



Uma das tentativas mais recentes foi publicada na conceituada revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). O estudo conduzido por Benjamin Domingue, pesquisador da Universidade do Colorado e veterano no assunto, indica que até mesmo a paixão é determinada, em parte, por influências genéticas. ;Especificamente, esse domínio possui um terço da força que o nível educacional exerce no sucesso dos relacionamentos amorosos;, considera o autor.

O trabalho envolveu genética, psicologia e estatística. Essas ferramentas permitiram a comparação do genoma de 825 casais norte-americanos. O resultado foi inesperado: os casados possuem DNA mais parecido do que dois indivíduos aleatórios. Domingue concluiu que os casais se atraem, de certa forma, pela genética. ;Mas o ambiente em que estão inseridos ainda é mais forte. Não temos explicações para esse fenômeno, mas eu acredito que as pessoas são propensas a escolher seus parceiros com base em genótipos, como a altura, por exemplo;, especula. Ou seja, talvez pessoas altas sejam atraídas para possíveis cônjuges que possuam essa mesma característica.

Entretanto, especialistas que não participaram do estudo acreditam que as coisas não acontecem bem assim. ;O trabalho foi feito com um grupo restrito de pessoas brancas, não hispânicas, e assim é claro que eles vão ser geneticamente semelhantes;, aponta Lara Velasco, coordenadora do Setor de Biologia Molecular do Laboratório Sabin. ;Se esse estudo fosse feito no Brasil, como esses resultados seriam? Somos miscigenados. Nesse sentido, acredito que os dados podem ser tendenciosos;. Velasco, contudo, acredita que a pesquisa pode ser o ponto de partida para mais análises dessa natureza. ;Mesmo assim, eu acredito que a genética não é determinante. Ela pode influenciar com 30%, mas como o próprio estudo mostrou, outros fatores pesam mais;, acrescenta a especialista.

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