Ciência e Saúde

Apresentação de exoesqueleto em abertura da Copa decepciona espectadores

Veste robótica desenvolvida pelo brasileiro Miguel Nicolelis ajuda paraplégico a dar chute na abertura da Copa. Porém, o fato de o paciente não ter caminhado e o pouco destaque dado ao feito durante a cerimônia geraram sentimento de frustração

Roberta Machado
postado em 13/06/2014 08:26
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Foram 150 pesquisadores de cinco países, trabalhando por 17 meses e somente quatro segundos de ação na tela. Em meio ao furor da cerimônia de abertura da Copa do Mundo, quem não prestou atenção perdeu o tão esperado chute inicial da competição, dado por um paraplégico com a ajuda de um exoesqueleto. O clima de decepção marcou as redes sociais em que espectadores reclamaram do pouco tempo reservado a um dos mais aguardados marcos da ciência brasileira na festa mundial do futebol: o momento em que uma pessoa com lesão medular movimentou as pernas usando nada mais do que os comandos da própria mente e uma avançada prótese robótica.

A demonstração, um primeiro passo para anos de pesquisa que virão, foi comemorada pelo neurologista Miguel Nicolelis, o cientista líder do projeto, inicialmente no Twitter. ;Conseguimos!!;, postou. Depois, por meio de um comunicado, agradeceu aos oito pacientes que participaram dos testes nas últimas semanas em São Paulo. ;Foi um grande trabalho de equipe e destaco, especialmente, os oito pacientes, que se dedicaram intensamente para este dia. Coube a Juliano usar o exoesqueleto, mas o chute foi de todos. Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência;, afirmou, referindo-se a Juliano Pinto, 29 anos, atleta de Gália (SP) que teve a lesão causada por acidente de carro em 2006.



O pesquisador também postou em seu perfil no Facebook, pela primeira vez, vídeos que mostram o rosto de alguns dos voluntários da pesquisa. Nos registros, é possível ver as pessoas dando passos com a ajuda da veste robótica, que está presa a uma estrutura. Um dos homens que testa a máquina chega a dar um chute na bola oficial da copa, e uma mulher chora depois de dar o que parece ser seu primeiro passo com o aparelho.

Já existem no mercado exoesqueletos elétricos que ajudam pessoas com paralisia a caminhar, mas a veste robótica batizada de Brasil Santos Dummond 1 é a primeira a utilizar sensores que ajudam um deficiente físico a caminhar somente com a força do pensamento, além de enviar sinais táteis de volta ao usuário. ;Cara, estou impressionado. Só tenho a agradecer e falar que Deus abençoe cada vez mais quem está aqui, quem colaborou. Show de bola;, emocionou-se um dos voluntários, em um vídeo postado na internet por Nicolelis. Em outro registro, o homem avalia o desempenho do sistema (nota 4,5 de 5) e brinca com a equipe de pesquisadores: ;O dia em que eu casar, você vai me emprestar isso para entrar na igreja?;.

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